Poucas pessoas abririam mão do que muitos considerariam um sonho, para fazer um manifesto, isso foi o caso com Ari.
Ari Saal Forman não é apenas um artista, ele é realmente um criativo, seu trabalho passa por muitos campos diferentes, do design gráfico, moda ao marketing experimental.
Em nossa viagem a Nova York, ele nos convidou para seu apartamento, onde nos contou sobre sua vida, seu primeiro contato com tênis, suas experiências de trabalho com grandes empresas e como tudo isso preparou o palco para um de seus maiores protestos: o Menthol 10s. Em nossa entrevista, Ari explica os detalhes e o manifesto por trás do tênis que fez vários jovens acamparem na calçada da Alife Rivington Club em 2006.
“Ah cara… Quem é o Ari? Alguém que não gosta de criar uma lista de tópicos sobre quem ele é. E não porque eu sou pretensioso, mas porque não me parece que alguém deveria ser assim tão cheio de si.”
“Então, me mate se eu não for criativo. Eu não funciono. Sem arte, eu prefiro nem viver. Porque eu já tive que fazer isso e fingir que sou outra pessoa. Não é nada legal. Tiveram diferentes momentos quando algumas coisas mudaram ou começaram, mas não tem um ponto que foi o início da minha criatividade. Eu nasci dentro disso.”
Você é artista, certo? Quando você descobriu que curtia arte?
Ari Eu sou artista. Também sou designer gráfico de formação, e é como eu tenho ganhado a vida em diferentes maneiras. Mas eu não tenho memória do início de tudo isso. Minha mãe era o tipo de mulher que curtia artesanato, fazia velas, decupagem, tingia tecidos, coloria livros, todo santo dia. Então, me mate se eu não for criativo. Eu não funciono. Sem arte, eu prefiro nem viver. Porque eu já tive que fazer isso e fingir que sou outra pessoa. Não é nada legal. Tiveram diferentes momentos quando algumas coisas mudaram ou começaram, mas não tem um ponto que foi o início da minha criatividade. Eu nasci dentro disso.
Minha mãe não acertava muita coisa, mas ela sabia ser criativa. E com ela, o processo criativo não estava vinculado a nada. É muito interessante quando você conversa com pessoas criativas e eles falam: “Eu faço isso”. É bem rígido, sabe? E a rigidez é o demônio. Não tem nada além disso. Então quando você é rígido e você fala: “Eu sou isso” – a América ama isso, porque tudo é uma escolha de cardápio, sabe? Então minha mãe nunca se limitou. Ela era totalmente disfuncional, mas nunca se limitou. E acho que esse era o processo criativo.
Então eu nunca me vi apenas como um designer gráfico, ou apenas um artista, ou apenas isso ou aquilo. Para mim era: eu faço um pouco de design gráfico, eu escrevo um pouco, eu crio alguns conceitos, umas pinturas. É tudo a mesma coisa, são formas e cores. Eu apenas nunca me vi como apenas uma coisa e provavelmente essa é raiz do meu problema. Você quer o prêmio? Olhe para uma coisa e foque nisso.
“Pau para toda obra, mestre de nada” não é necessariamente uma verdade para todo mundo, mas eu sinto que isso é algo que me descreve. Eu sinto que sou bom em algumas coisas, mas mestre? Eu não sou mestre de porra nenhuma. Eu tenho alguns amigos que são mestres de verdade. Eu tenho inveja, mas eu sou muito ocupado tentando fazer muitas coisa demais.
Então, onde você nasceu e quando você veio para Nova Iorque?
Ari Eu nasci em Oakland. Eu sou da baía. Não sei merda nenhuma sobre lá. Mas eu fui criado em L.A. e todas as pessoas da minha família nasceram em Philladelphia. Como eu era de uma família de Philly, eles não eram nada L.A. Então eu cresci como uma criança metade de L.A. e metade de Philly. Depois eu fui morador de rua por anos com minha mãe e nós acabamos em Philladelphia quando eu tinha 12, porque meu pai tinha se mudado de volta para lá. Eu digo às pessoas que sou de Philly porque tudo sobre mim é realmente lá, eu não sou um cara de L.A. Eu não gosto da cultura geral de L.A. ou Philly. E é por isso que eu estou aqui há uns 20 anos.
Se eu tivesse ou pudesse escolher o que eu sou, eu diria que eu sou um nova iorquino porque eu vivo os fundamentos dessa psicologia. Mas… Os nova iorquinos são bem rápido para te lembrar que você não é um nova iorquino (risos). E eu não sou de Oakland, e eu não sou de Philly, então que porra sou eu? É como eu te falei, eu não sou rígido, eu não caibo em uma definição. Eu sou o Zé de todas as cidades e mestre de nenhuma. É meio que um lugar solitário.
Como é viver em Nova Iorque hoje? Como a cidade afetou você e a sua vida.
Ari Eu realmente não sei como responder isso. Eu respondo essa pergunta milhares de vezes de maneiras diferentes, mas eu nunca fui perguntado tão diretamente. Eu amo Nova Iorque. Eu não amo tudo sobre alguém ou sobre algo, mas eu fiz de Nova Iorque o meu lar porque combina comigo, não é perfeito, mas a razão pela qual combina comigo é porque eu não sou uma dessas pessoas que quer se esconder e ficar nos subúrbios, eu não gosto de espaços silenciosos. Tipo, isso é silencioso para mim. Mas a noite é uma cidade fantasma, eu vejo pessoas invadindo as lojas ali, não tem ninguém por perto.
Mas o que Nova Iorque faz, para mim, é me oferecer o máximo que esse país pode me oferecer em termos do que eu busco, acesso, comida 24 horas, transporte 24 horas. Você pode viver em Nova Iorque e ser pobre, existe esse mal-entendido de que Nova Iorque custa muito. Existem mexicanos aqui, que vêm e ganham 6 dólares por hora. Se eles conseguem viver aqui, qualquer um consegue. O McDonalds te paga 15 dólares por hora. Você não vai viver bem mas, se você vai sofrer, se você vai estar sem grana, você pode estar sem grana em qualquer lugar. Você pode estar sem grana na sua cidade natal ou sem grana em Nova Iorque. Esteja duro onde você quiser ser. Seja rico onde você quiser ser. E Nova Iorque, para mim, é uma universidade e eu não vejo o custo de Nova Iorque como um desperdício de dinheiro, eu vejo como uma mensalidade e eu estou pagando pela faculdade, pela universidade que é Nova Iorque, e a formação que isso vai me dar é o que eu quiser fazer disso.
Você se lembra quando começou a curtir tênis?
Ari Sim, eu lembro de ir à Seers em 77, no mesmo ano que Star Wars foi lançado. E eu lembro de ir à Seers e roubar coisas de Star Wars. Bem, esse aqui era o vencedor, que é basicamente um Converse. Olha, Gym Shoes feitos pela Converse exclusivamente para a Seers. Eu me lembro de estar fazendo compras na Seers e ter gostado das cores, eu lembro que essas cores realmente pulavam. Mas Los Angeles fica em uma falha das placas, e tem uma parte de L.A. onde tem piche borbulhando e saindo da porra do chão no meio de Hollywood.
De qualquer forma, onde eu quero chegar com essa história é que, lá atrás, eu, idiota, corri até lá e pisei na porra do piche “smack” e fiquei com meu tênis preso naquela desgraça. E se você pisa em piche, você não sai dessa merda, você já era. O que ficar preso lá, fica lá. Então eu perdi um tênis naquela merda e eu lembro de ir e pegar um tênis novo depois disso. Mas não era isso.
Foi por volta de 77 e 78 que alguém me disse que eu precisava pegar um Vans. E eles costumavam ser chamados de Van Doren naquela época porque é o nome da família. Então eu fui à loja Van Doren no vale (região de L.A.), que é fora de Hollywood, e a loja era exatamente como elas são hoje, tênis na prateleira, nada muito criativo, mas era apenas a uma milha de distância da fábrica. Então você entrava na loja e escolhia o Era, aí eles tinham aquelas argolas gigantes, cheias de amostras de material, cores e tal. Depois eles pegavam uma fôrma e você dizia – “Eu quero o Era e eu quero esse verde, eu quero esse roxo, e essa estampa havaiana, e eu quero xadrez aqui em algum lugar.” E eles falavam “Ok, e como você quer o outro tênis?” O outro pé poderia ser o que eu quisesse, não precisavam combinar. Não era como o ID, mas essas coisas não existiam até os anos 2000. Esses filhos da mãe fazem isso desde o dia um.
E foi aí que eu entendi o valor de um tênis. Eu poderia fazer algo que ninguém mais tinha. E isso para mim não tem preço. Eu fiz o pedido e umas semanas depois eles te ligam: “Hey, seu pedido está pronto.” Porra! Um de um, meu tênis. E eu sempre fazia um par diferente do outro. Então eu usava preto, vermelho e preto e aí vermelho preto e vermelho. Sempre.
Antes de você criar o seu tênis, você fez alguns projetos com a Nike, certo?
Ari Eu fiz o Air Force 2. Era uma ideia do Espo. Nós dois fizemos juntos a revista On The Go de 89 a 97, sabe, alí é o De La Soul e Mobb Deep, Jay-Z… Nós trabalhamos com todo mundo. Se você for ao meu site, tem imagens de amostras iniciais do Air Force 2, mas você tem que fuçar, tem um monte de merda lá que eu nunca vi na Internet.
Mas a Nike é uma empresa mega rígida e travada. Qualquer empresa daquele tamanho é rígida e travada, sabe? Mas eu fui apresentado à Nike porque eu trabalhei com a ESPN para o X-games. Eu fiz uma turnê de cinco anos com o X-games com a minha empresa de marketing, nós faziamos coisas meio experimentais. E durante o processo eu fui apresentado à Wieden e Kennedy. Então de qualquer maneira, foi por esse processo de me envolver com Wieden e Kennedy, que sempre vai ser a agência criativa da Nike. E a Kennedy era tipo um parceiro externo que tinha sinal verde da empresa, de Phil Knight e de Mark Parker. Então eles estão me introduzindo como uma alternativa de pensamento para a Nike, não era a Nike me introduzindo, era Wieden e Kennedy. Para depois ser aprovado por Portland.
Então eu estava fazendo umas coisas pequenas, umas coisas grandes, e aí eu fiz aquele projeto gigantesco. E ao mesmo tempo, o meu amigo Steve estava explodindo, então a Nike foi até ele para participar do primeiro artist pack. Era ele, o Pharrell e a Halle Berry juntos. E o Steve, ele enche o saco mesmo, ele não brinca, ele não se venderia pelo dinheiro. E a minha interação com a Nike era através de Wieden e Kennedy, então tava tudo ótimo. A interação dele como creativo foi ok, mas teve um pouco de conflito. E a Nike é rígida e eles não queriam fazer algo tão doido. A gente chegou e falou tipo: “Deixa a gente fazer um dunk todo transparente”, e aquela ideia era inteligente para caralho.
Nós sabíamos que os malucos da quebradas os bem tradiça, são tipo republicanos. Eles são conservadores, rígidos, não gostam de mudanças. Eles não vão fazer nada que eles realmente não queiram fazer. Então o Steve sabia que isso seria algo realmente bem maluco. E eles queriam que ele fosse doido. Mas não nos deixariam mexer no Dunk ou no Air Force 1. Em Philly, a gente gostava do Air Force 2, as pessoas não pareciam curtir tanto ele, mas é um tênis inteligente. E ele falava: “Eu quero que fosse todo transparente” e eles só respondiam: “Não, não podemos fazer isso”. Então eles estavam pegando materiais transparentes e colocando malha por trás para tentar reforçá-los. E Steve, créditos a ele, continuou pressionando. Ele falava: “O que você quer dizer com não vai funcionar? Nos anos 70, a gente tinha gominhas e tênis transparentes, eles costuravam vinil em sofás.” Mas eventualmente, depois de um longo tempo, ele chegou lá. Um tênis inteiro não poderia ser transparente porque eles insistiram que a estrutura não aguentaria direito, o que é baboseira.
Então quando eles fizeram esse Pack, o Pharrell já estava saindo da Nike, então ele só fez um dunk todo preto com uma marca NERD em cima, e Halle Berry fez um Nike Rift roxo meio rosado. Mas o tênis do Espo esgotou antes do Pharrell e Halle Berry, o que era uma loucura… Esse artista obscuro esgotar antes dessas estrelas, saca?
E foi um processo difícil fazer todo esse trabalho, o que mostrou o que poderia ser feito. Isso só se tornou um problema quando chegou o momento de fazer de novo. Porque o tênis tinha esgotado, e uma tinha feito uma tonelada de dinheiro para a caridade, e na real, acabou sendo uma coisa muito boa. E eles voltaram para o Steve e ele falou: “Ok, agora me dê o orçamento de verdade e vamos realmente ajudar as pessoas, vamos fazer alguma coisa, vamos fazer algo pelas crianças do conjuntos habitacionais, vamos fazer algo!.” E eu vou ser bem claro, e garanta que vocês vão traduzir isso direitinho – Eu não acredito que essa seja a filosofia da Nike, eu acredito que manter uma corporação requer uma certa dose de conservadorismo, é a natureza de um gigante daqueles. E eu acho que você pode ser bastante criativo com isso, corporações do nível da Nike e da Apple e esses tipos de corporações têm sido criativas. E eu acho que a Apple faz um trabalho muito bom. Mas nós podemos criticá-los o dia todo por causa do tamanho deles, eles estão fazendo todo tipo de coisas horríveis.
Mas eu acho que se o Mark Parker e o Phil Knight fossem meus amigos e estivéssemos no meu apartamento, eu acho que conseguiria vender qualquer coisa para eles, e eles iriam cordenando isso de cima para baixo, para garantir que iria acontecer. Mas não é como essas coisas funcionam, então eu acho que a Nike é capaz de coisas criativas, e eu acho que Virgil demonstrou isso, eu acho que eles deram uma boa relaxada e que algumas dessas coisas estão acontecendo. Eles estão permitindo que o logo seja torcido e movido, o que é uma blasfêmia corporativa, você não faz isso em nenhuma empresa. Então, e parabéns a Nike por começarem a sentir isso, mas são as pessoas no caminho desse progresso que estão com medo do seu tabalho ou medo de fazer algo que ainda não tenha sido realmente feito.
Então, Steve estava pedindo para fazer algo que estava bem fora da zona de conforto deles, e eles só queriam fazer mais cores. Eu acho que quando você chega neles com conceito, é assustador. E eu suponho que Steve estava chegando neles com conceito. Então, passando por esse processo, trabalhando com a Nike e nesse processo do Air Force 2 com ele, eu era o cara do tênis e ele era o artista, sabe? Nós colaboramos dessa maneira. E aí ele tentou seguir em frente e fazer algo maior e não só outra cor. Para mim, eu acabei ficando frustrado com esse processo, frustrado com os meus clientes, de trabalhar contra o tabaco, de trabalhar com tabaco, com álcool. Foi o mesmo baboseira, a mesma rigidez em tudo que eu fazia. Então isso foi o catalisador dos Menthols.
E como você surgiu com os Menthols?
Ari Eu tinha esse ideal da paródia, o trocadilho era o swoosh de ponta cabeça. Então, se você só chega e olha é o que você percebe logo de cara. Eu tive uma conversa com uma pessoa e percebi que o trocadilho seria a primeira coisa. O que era interessante, mas eu estava pensando apenas do ponto de vista americano, mesmo que você não tenha crescido no guetto, você provavelmente viu um NewPort em algum momento da sua vida, até mesmo naquela época, você saberia: “oh! Ha ha ha! Entendi, é a coisa da Newport!” Se você cresceu nos subúrbios, você já viu isso. Mas quando eu falei com pessoas de outros lugares, como vocês, você estam no meio do tênis há bastante tempo, e do grafite e hip hop e tal, é muito fácil para você dizer “Isso é cafona, cara”. E você está certo. Isso é cafona. É cafona apenas virar o swoosh de ponta cabeça e ficar tipo: “Ooh!”.
Mas você não conhece a New Port. E você não sabe o que New Port fez nos guettos. E você não sabe como eles fazem os seus anuncios. Você não sabe como a Nike, anuncia da mesma maneira. E você não sabe que 70% dos negócios da Nike eram representados pela FootLocker. E a FootLocker faz sua própria publicidade, não a Nike. A Nike dá dinheiro para isso e outras coisas. Veja bem, a FootLocker adorava anunciar seus produtos no primeiro e no décimo quinto dia do mês, porque você sabe que é dia que cai o pagamento, né? É nesses dias que as pessoas pobres da América ganham seu cheque do governo. Publicidade no primeiro e no décimo quinto dia é puramente desonesto… Tentar desviar o dinheiro que é importante para a vida das pessoas por umas porra coisas comerciais, é desonesto! Isso quer dizer que alguma criança não ganhou leite, alguma criança não ganhou fraldas. Alguma criança sequer teve a merda do dinheiro de pensão alimentícia, porque o meu caro aqui tinha que comprar uns Jordans. Não é meu papel dizer a ele o que fazer. Mas com certeza é a porra do meu trabalho dizer à corporação o que fazer. Porque isso é consciência coletiva. Nós juntos… Qualquer um de nós pode ser ignorante, juntos nós deveríamos estar pensando um pouquinho melhor porque nós impulcionamos uns aos outros.
Eu sou contra fumar, eu sou contra beber, para ser honesto bem honesto. Se dependesse de mim eu ja teria banido a porra do alcool e o tabaco. Eu sei que isso não é muito realista. Mas, isso só sou eu, porque acho que esses são os reais parasitas de qualquer comunidade, até mesmo das comunidades ricas, mas isso sou eu vivendo em um mundo de fantasia. Para mim é só isso, vamos virar o Swoosh de ponta cabeça e aí posso dizer, é por isso que a Nike, a New Port, a marca, o fato de que um deles é dono e o outro não, mas ambos compartilham o mesmo simbolo. O fato de que quando você possui uma marca, você possui a categoria. Então quando eu falo que a Nike faz vestuário. Isso quer dizer que a New Port não pode fazer vestuário, a não ser que seja permitida. A não ser que a Nike permita. Agora eles não vão brigar um com o outro, porque provavelmente vão perder ou ganhar. Eu devo estar errado em diferentes maneiras sobre isso. Mas eles servem para mim para a mesma coisa. Eu acho que se eles realmente quisessem brigar, se alguém dissesse: “Estou colocando um bilhão de dólares nesta merda, você vai parar de usar essa marca, acho que eles topariam.” Isso é só eu, não é uma conspiração nem nada. É só uma conversa. E isso é o conceito, certo?
E aí teve todo o lance do anti-tabaco, eu quis mostrar para as pessoas que não existe valor algum nisso, no tênis, que isso é um monte de lixo. O valor é o que eu coloco nele. É o que eu coloquei no tênis com o meu trabalho duro. Mas é ridículo que eu não consiga controlar o que acontece nesse mercado posterior, e eu não consiga controlar as coisas que acontecem com o tênis,
e que alguém possa pegar essa coisa que faz ela tão feliz e colocá-la num lugar tão ruim. Que acaba machucando a sua família, machucando a si mesmo, fazê-los agir como idiotas. Por que vôce pode estar da hora para uma pessoa, e parecer um idiota para a outra. Nós todos vivemos nessa hipocrisia, certo? E por esse motivo, esse tênis engloba tantas coisas, e trabalhar com a Nike é tão rígido, eu nunca iria conseguir fazer isso. Teria sido um sonho para mim trabalhar com eles de novo mas eu tive que decidir nunca mais trabalhar com a Nike. E você pode claramente dizer que eu amo a Nike. Eu sabia que teria valor em ser a única pessoa.
“E eu não vou fazer algo se eu não tiver dizendo algo. Eu não vou apenas fazer. Então, eu pensei, “posso ser o cara que é como todo mundo e espera fazer uma cor de um tênis um dia com seus heróis”. Eu já fiz isso e não pareceu ser tão impressionante. “Eu vou ser o cara mau, eu vou colocar a mira no meu peito”.”
Conte-nos um pouco sobre o processo criativo?
Ari O ponto é que um trocadilho é barato. É uma boa risada, mas é uma risada barata. Sabe como quando você diz um trocadilho 3 ou 4 vezes, e ele não é mais engraçada. Mas uma boa piada, uma boa sacada e bem pensada que você repete, é atemporal, é interminável. Mas não é suficientemente bom, tem que ter um propósito. Aí eu comecei a pensar o que eu poderia fazer e eu pensei que esse veículo funcionaria para isso. Mas seria um tênis a melhor maneira? Bem, sim porque eu sei que eu poderia adicionar em importância e valor para o tênis, eu conheço bem a comunidade. A comunidade adora tênis.
Entrar em contato com algumas fábricas, essa é a parte fácil. Leva tempo, mas é a parte fácil. Porque todo mundo pode contatar a fábrica, qualquer um pode ter uma boa ideia. Tipo, é uma imitação, qualquer um pode fazer uma imitação. Eu só cheguei lá primeiro. Mas eles teriam feito com a profundidade, o propósito e o significado? Não.
Antes do streetwear ser uma febre, eu costumava fazer coisas assim e se você não gosta das minhas coisas, você pode não gostar, mas você não pode descreditar as minhas coisas. Aponte qualquer coisa no tênis e eu te digo o porquê. Por exemplo, esse cara na foto estava realmente drogado de cara no chão. Eu tinha posicionado originalmente desse jeito mas aí eu vi esse cara e falei “Aí sim”, vira para lá, porque isso diz – Se empanturre – e ele está completamente empanturrado e ninguém saca isso. E aquele cara ficou deitado de bruços de cara no chão daquele jeito por uma hora.
Então esse cara pagou todo esse dinheiro pela merda do tênis e ele está tão feliz, ele está empolgado, todo hypebeast, mas aí ele não tem dinheiro. Ele é tão pouco instruído, ele está comendo uma merda de comida ruim, e ele não tem muito dinheiro, comida de gato, comida de cachorro, cigarros não a porra toda porque ele é ignorante. Então, na mente dele, ele é o cara, mas tudo ao seu redor é simplesmente patético. Então é, se empanturre. No final das contas, se não vai se entupir, por que se preocupar?
É muito doentio. Crianças vêm me dizer: “Estou economizando” – crianças de 16 anos. A primeira coisa que eu falo é: “Não compre esses malditos tênis, o que tem de errado com você? Se você conseguiu o seu dinheiro e seus pais são ricos, por todos os meios, então tudo bem. Não quero parar o seu fluxo. Mas se você está economizando, não faça isso.
E por que você escolheu o Air Force 1?
Ari Se você estiver me seguindo no Instagram ou qualquer coisa do tipo, você vai ver que a primeira escolha era o Air Max 90, mas custaria muito dinheiro e a tecnologia do Air é patenteada, então eles teriam que imitá-la. E o Air Force 1 era o veículo certo, a silhueta certa, e o momento era o certo. A BAPE tava pegando fogo, e eu sabia que se eu quisesse que as pessoas prestassem atenção na mensagem, na ideia, ao diálogo, tinha que ser isso.
“É muito doentio. Crianças vêm me dizer: “Estou economizando” – crianças de 16 anos. A primeira coisa que eu falo é: “Não compre esses malditos tênis, o que tem de errado com você? Se você conseguiu o seu dinheiro e seus pais são ricos, por todos os meios, então tudo bem. Não quero parar o seu fluxo. Mas se você está economizando, não faça isso. “
Onde eles foram vendidos? E como você espalhou por aí que você lançaria esses tênis?
Ari Eu vendi na ALife, no Rivington Club, que era o auge das butiques de tênis naquela época e ainda é, até hoje a butique mais bonita que já foi feita. Eu fiz o lançamento, vários moleques dormiram fora por dois dias na fila, e esgotou. Foi incrível, a coisa toda foi bem divertida.
Naquela época todos queriam ser BAPE. E eu conhecia os caras da BAPE e eu não estava tentando ser a BAPE, eu estava seguindo o caminho que Nigo tinha aberto para mim para ser subversivo. Tinha esse fórum super legítimo chamado NikeTalk. E essa era a autoridade naquela época, eles eram tipo os esnobes dos esnobes. Eles eram tipo caras dos esportes, então eu vinha falando sobre tênis de um ponto de vista diferente. Mas o lance era que eu tinha feito a revista e a revista era legítima para caralho, então eu sabia que eu tinha a legitimidade, caso o tênis não tivesse. Então eu dei à exclusividade para o meu parceir, para o site dele, e ele fez a matéria no site e em poucas semanas, todos sabiam disso.