
Com as nossas entrevistas buscamos sempre mostrar pessoas que tenham diferentes relações com seus tênis. Colecionadores, entusiastas, artistas, designers, mas a relação que um atleta tem com os seus tênis é diferente das outras – ele depende dele para performar e usa o tênis ao máximo da sua capacidade.
E essa semana vamos contar a história do Eric, que influenciado por seu pai sempre teve o esporte presente na sua vida. Ele dedicou 25 anos da sua vida ao atletismo como atleta profissional e participando de diversos campeonatos. Eric também sempre carregou consigo outra paixão, o design publicitário e o audiovisual. Hoje ele ainda está envolvido com o esporte, porém de outra forma – como designer publicitário aplicando o que aprendeu no esporte no seu dia a dia no trabalho.
Agora como embaixador da On Running, escolheu falar do primeiro tênis que recebeu da marca – o CloudFlash, um tênis técnico para corrida. E também uma adaptação lifestyle do seu tênis de performance, o CloudNova Z5.
A entrevista foi fotografada no escritório da On Running Brasil, por Daniel Sigaki, irmão de Eric. Juntos possuem uma agência de produção de conteúdo incrível, focada em esportes, chamada Yaw.
“Sou o Eric e tenho 32 anos. Acho que minha vida inteira sempre esteve muito ligada com o esporte. Eu tive 25 anos de atletismo profissional na minha vida…comecei muito cedo pois meu pai era atleta. Além disso, eu também sempre gostei muito da área de audiovisual por influência da família, minha mãe sempre foi aquela que levava a câmera para todos os lugares. Eu acho que é uma sementinha que a gente carregou na família – o esporte e o audiovisual.
Esse é o primeiro ano que eu estou trabalhando com algo além do esporte. Continuo nele, mas hoje eu trabalho também como designer publicitário. Como é louco: o esporte linkou isso na minha vida, dando essa bagagem para criação também.”


Você sempre praticou esporte, desde de pequeno, mas foi a corrida que fez você seguir uma carreira de atleta. O que esse esporte tem de diferencial dos outros?
eric Eu fiz de tudo – capoeira, judô, futebol, basquete. Só que por causa do meu pai, eu cresci dentro da pista de atletismo, ele sempre me levava nas provas. Então foi natural eu ir pro atletismo. A única regra em casa era que a gente precisava fazer algum esporte, não importa qual fosse.
Nos meus 14 anos, eu tava jogando basquete, eu tava bem e eu tive uma peneira no Paulistano; só que ao mesmo tempo eu já competia no atletismo. Eu consegui uma vaga pra competir no campeonato Sulamericano de atletismo e aí tive que escolher entre a peneira pra entrar no clube e jogar basquete, ou essa competição. Não teve como, optei pela competição. Foi a primeira vez que eu saí do país e fui campeão Sulamericano, de primeira. Aí ficou claro que era isso que eu deveria fazer.
Aos meus 18 anos, entrei no BMF Bovespa, que na época era o maior clube para atletismo. Fiquei quase dez anos lá, só que quando chegou os Jogos Olímpicos de 2016, eu me machuquei e não pude competir. Foi uma frustração, eu não tava feliz aqui, e decidi ir para os Estados Unidos. Quando eu cheguei, falei “puta velho, poderia ter vindo mais novo pra cá”. Eu iria render mais e ser mais inteligente em relação aos treinos, porque lá o esporte é inteligente. Fiquei quase cinco anos nos EUA, eu fui justamente só pra treinar, bem sonho olímpico mesmo. Não me arrependo.
Nesse meio tempo eu consegui estudar, o esporte sempre entregou bolsas. Quando voltei dos EUA tava rolando um teste para designer em um lugar que a gente sempre treinou – o NAR (Núcleo de Alto Rendimento), que era um projeto do Pão de Açúcar. Eu fiz o teste e isso definiu meus próximos passos porque ao mesmo tempo, ia rolar os Jogos Olímpicos de 2020. Por conta da pandemia os jogos atrasaram e eu coloquei esse ponto na minha vida “se rolar os jogos, ok. Se não rolar, eu quero trabalhar”. Com a pandemia eu já estava fazendo vários freelas de design, e aí começou a vir trabalhos. Eu já não estava competindo tão bem, mas mesmo assim, na última prova do Troféu Brasil eu fiquei numa briga para os jogos, mas não rolou. E acabei passando no teste do NAR. E aí mudou minha vida. Agora eu trabalho na empresa que eu treinei por dez anos.
Às vezes você não precisa ser o campeão olímpico, mas uma hora o esporte vai abrir uma porta foda na sua vida. Essa foi a minha medalha de ouro. O quanto que em 25 anos a minha vida deu voltas. Eu voltei dentro da mesma empresa, com as mesmas raízes, mas de outra forma. E hoje eu estou feliz pra cacete lá.
“Às vezes você não precisa ser o campeão olímpico, mas uma hora o esporte vai abrir uma porta foda na sua vida. Essa foi a minha medalha de ouro.”

Depois de viver tudo isso, o que você leva do esporte para a sua vida?
eric É engraçado como às vezes é tão natural pra mim, que eu não percebo isso no dia a dia, mas na realidade corporativa, acabou que me ajudou muito. Como atleta, a gente tá acostumado com a pressão, com definições. Além disso, aprendi muito com a coletividade que o esporte dá, a cumplicidade de ajuda, o time. Pode parecer que o atletismo é um esporte individual, mas ele é o esporte mais coletivo que tem, porque eu sou só a última ponta. Junto comigo vinha o fisioterapeuta, treinador, massagista, patrocínios.


E essa parte do design gráfico e audiovisual, como isso chegou até você?
eric Eu sempre fui de desenhar, de fotografar. Esses dias eu estava vendo umas fotos minhas com 14 anos, de filme mesmo, eu levava a câmera pra competição. Por ter essa habilidade, eu queria trabalhar com publicidade. Eu gostava de desenhar mas eu não era o cara que caneta ali, eu não era o cara que ia fazer só a venda, mas eu conseguia linkar as duas coisas com o design. Então depois de muito tempo eu fui entender que a publicidade tem diversas áreas.


Falando mais de tênis, como começou a sua relação com tênis? Foi algo que veio por conta do esporte ou você já gostava?
eric O tênis de performance sempre veio pelo atletismo, de entender o quanto que cada tecnologia podia impactar na minha performance. Os Jogos Olímpicos são muito marcados porque eles são os definidores de tecnologias. É a grande vitrine para as marcas apresentarem o que elas têm de melhor em termos de performance, seja alguma tecnologia nova ou uma adaptação de algo que já existe em um modelo novo. E as marcas passam anos se preparando para lançar esses avanços durante as olimpíadas. Por exemplo, no atletismo a gente usa aquelas sapatilhas que tem uns cravinhos na sola, e em todos os Jogos Olímpicos tinha uma mudança muito grande nos materiais usados, na construção ou até no design delas.
Já os tênis mais do dia a dia, que não são de performance, eu sempre gostei e acompanhei. Hoje eu entendo que o meu gosto por tênis não é só uma coisa. Ele vem pela minha relação com a família, hoje eu vejo que é uma coisa ancestral, que vem de tempos. E também acho que a ligação com o design fez eu ter uma visão mais refinada das coisas, mas falando de performance foi da sensibilidade ali no pé. Eu gosto de sentir o tênis, de saber e entender a estrutura dele, sentir um pouco onde eu estou pisando.
“O tênis de performance sempre veio pelo atletismo, de entender o quanto que cada tecnologia podia impactar na minha performance. Os Jogos Olímpicos são muito marcados porque eles são os definidores de tecnologias. É a grande vitrine para as marcas apresentarem o que elas têm de melhor em termos de performance, seja alguma tecnologia nova ou uma adaptação de algo que já existe em um modelo novo. E as marcas passam anos se preparando para lançar esses avanços durante as olimpíadas.”

Hoje em dia você é embaixador da On Running. Como surgiu essa relação e como você se identifica com a marca?
eirc Na corrida amadora, a marca tem que atender quem quer correr, que pesa 40 quilos, a quem pesa 150. O tênis é universal, e a marca que pensa assim se sobressai. Isso foi o que me encantou na On Running. Quando eles me chamaram, foi um negócio muito humano, de entender o quanto você pode agregar não só na sua performance, mas também no seu eu, na sua cultura, sua vivência, no que você quer transmitir. Eles falam que todos os produtos deles são suporte, que nunca vai ser performance – porque a performance é você.
A On tava abrindo vagas pra embaixadores. Eu tinha que preencher um formulário e eles iriam entrar em contato. Um dia o diretor daqui me ligou e falou “Você tem relação com outras marcas?”. Na época eu não tinha contrato com nenhuma, eu só ganhava algumas coisas. Ele perguntou “Quer vir pra On?” Topei na hora e ele me mandou o contrato pra assinar, “Bem vindo à família”.
Naquela época, eu ainda competia, e foi uma experiência incrível ter a On como minha parceira na pista. A marca possui uma conexão profunda não só com as ruas, mas também com o triathlon. Se você for ver as competições europeias, tem vários atletas com On. As sapatilhas eram feitas exclusivamente para os atletas da marca, que também contava com seu próprio clube de corrida. A marca começou a ter uma grande aderência, crescendo a demanda. Eles estão buscando expandir ainda mais. A marca é de 2010. O primeiro prêmio deles foi de design de tênis do ano. É impressionante a trajetória da marca.
“Isso foi o que me encantou na On Running. Quando eles me chamaram, foi um negócio muito humano, de entender o quanto você pode agregar não só na sua performance, mas também no seu eu, na sua cultura, sua vivência, no que você quer transmitir.”


E porque de todos os seus tênis você escolheu falar do seu On Cloud Z5 e On CloudFlash?
eric Escolhi o On CloudFlash justamente porque foi o primeiro que eu ganhei da marca. Foi pensado porque eu tava na pista, eles sempre olham desse lado, o que vai me ajudar na performance. Esse é o tênis mais minimalista da On, ele é bem no chão, como as sapatilhas – ela é praticamente isso aqui com pregos aqui. Eu gostei pra caramba. Não é um tênis simples de usar, não é todo mundo que calça porque ele é um tênis bem no chão. Quem está acostumado com muito amortecimento vai estranhar. Pra usar ele você tem que estar com pé e tendões fortes, porque ele vai devolver.
O que acontece quando você pega um tênis com a entressola mais alta? Ele tem um centro de gravidade maior. Ele vai bater, afundar, pra sair. Quando a entressola está mais no chão, é como se você estivesse descalço – ele bate do jeito que o solo bate, e aí ele volta. Ele é justamente para você sentir isso. Por eu sempre ter um problema forte com o pé, eu entendi o quanto esse tênis me ajudou a fortalecer. Ele é um tênis específico para você correr rápido. Eu acho muito legal que a On faz questão de educar bem os embaixadores, porque temos que saber desses detalhes, pra nossa performance e se alguém perguntar também.
Já o On Cloud Z5 eu escolhi porque é um tênis casual, mas toda a concepção foi feita em cima do CloudFlash.


E agora uma pergunta bem técnica. No treino, você prefere um tênis que tem mais amortecimento, prefere algo mais perto do chão ou isso varia?
eric Vai muito do dia. Um dia que eu quero fazer um treino de rodar gostoso, eu uso o Monster. Adoro esse tênis pelos traços, ele é o grandão, com muito amortecimento. É o tipo de tênis que eu uso quando não tô preocupado com o tempo. E é engraçado isso porque um tênis dessa altura costuma ser mais instável, por ter muito amortecimento acaba ficando muito longe do chão, mas esse acaba que é estável porque tem uma placa chamada Speedboard – ela deixa a liga estável, absorve o impacto e devolve energia.


Na sua visão, o que a On trouxe de diferente para o mercado de tênis de corrida?
eric Tem um estudo que fizeram na Suíça onde eles falam que não tem como um tênis corrigir a sua pisada, até porque, passa um momento da corrida, eles viram que 90% dos dos atletas e corredores amadores, começam a pronar a pisada quando estão no final da corrida, quando estão num estado de fadiga. Por isso que a On faz tudo neutro.
Além disso os tênis da On são muito leves, essa tecnologia dos furos no solado tiram um puta peso do tênis. Acho que o ponto mais legal disso é por ela ser aberta, a devolução de energia é incrível: ele absorve e amortece e depois devolve essa energia. E também por ser modular o amortecimento, ele meio que adapta como o seu pé pisa e vai reconstruir na pisada.


On Cloud Z5 e On CloudFlash
Dono: Eric Sigaki
Ano: 2020 e 2021
Fotos: Daniel Sigaki