
São Paulo é a maior cidade da América Latina, com um espaço geográfico tão grande, o que não falta é lugar para ser explorado. É uma cidade que nunca para e que o corre diário não tem hora pra acabar. Foi pensando nisso que a Nike lançou o City Fast Pack e o Air Max ’97 Ultra, tênis para quem precisa de conforto para passar um dia inteiro na correria de uma cidade como essa. E para falar do lançamento, conversamos com 4 pessoas que vivem a cidade – cada uma do seu jeito, entendendo melhor como é o dia a dia de cada uma delas.
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O primeiro é o Fabrizio, arquiteto/ilustrador/designer e sócio do Vapor 324. Ele nos contou desde como foi o começo da sua formação para entender o espaço urbano até como ele moldou sua vida para ser o mais agradável possível utilizando os espaços da cidade.

Fale um pouco sobre essa sua formação como ilustrador, arquiteto e designer.


Quando você começou a pensar no espaço urbano e essa questão de desenhar a cidade?




O que é o Vapor 324?
fabrizioO Vapor é onde eu trabalho, é um escritório/estúdio de arquitetura, design e audiovisual. Foi fundado por mim e mais três sócios que estudaram comigo na faculdade, que eram mais velhos que eu e sempre brinco que eles eram os caras com que eu queria trabalhar, quando eu era mais novo eu olhava eles e achava mó foda. Além de que minha faculdade era pequena, todo mundo se conhecia. A gente ficou amigo e começamos a trabalhar juntos no porão da Escola da Cidade, fazendo umas luminárias para festas da faculdade. Começou a dar meio certo e aí a gente foi trabalhar em um escritório com mais 9 amigos, durou uns três anos. Depois acabamos nos separando e junto com esses três sócios fundamos o Vapor, isso já faz quatro anos.
A gente desenvolve diversos projetos dentro dessa área de arquitetura e design. Os projetos são divididos em construção e obra: temos uma atuação forte em reforma e criação de projetos para restaurantes, apartamento, casa, mobiliário, a gente faz questão de desenhar tudo milimetricamente; fazemos questão de fazer uma arquitetura inteligente que seja franca e que possibilita a obra a ser o mais inteligente possível. Temos atuação em design gráfico e ilustração; trabalhos de identidade visual, identidade gráfica para festivais, shows, eventos. Eu fiz muita coisa para jornal, desenhei muito para o Estadão e Folha de São Paulo e revistas. Temos uma área de audiovisual que é uma área de instalação, projeção, vídeo mapping e animação.
A nossa idéia é que todas as áreas se cruzem, isso é o que a gente mais gosta de fazer. Por exemplo, quando vamos fazer uma instalação de audiovisual como na Virada Cultural, você tem que desenhar isso, então você tem que fazer um projeto: a arquitetura vem, você desenha uma peça, faz de acordo com o budget do cliente; depois você pega esse desenho, anima ele no computador e depois solta o audiovisual da instalação. Então tudo se cruza sabe? Isso é o mais legal. Mesmo quando a gente faz animação para redes sociais, como do Red Bull Music Academy, a parte gráfica acaba servindo à parte de audiovisual. E um dos meus sócios está fazendo muita trilha sonora, então a gente está produzindo tudo aqui.



Isso talvez seja uma premissa da arquitetura, mas você diria que os seus projetos têm impacto na cidade e na vida das pessoas?

E qual sua relação com a cidade?
fabrizioÉ a melhor possível. Eu tenho uma relação de amor e ódio por São Paulo – mais de amor do que de ódio. Ódio porque eu sei o potencial que a cidade tem de ser muito foda e não é, já que ela não é usada. Ela tem uma puta geografia legal, tem dois rios muito animais e tem muita gente boa, muito arquiteto bom, muita gente que pensa a cidade e, mesmo assim, ano passa e a gente vê que nada muda. Existe uma puta carência de espaço público, de ciclovia, de programas que deixam a cidade mais agradável e gostosa que nem é lá fora. Então, aqui a gente espera criar uma demanda pra fazer alguma coisa, por exemplo: vamos deixar ter milhões de ciclistas antes de fazer ciclovia; e não construir ciclovias para criar demanda. Essa parte é a que eu acho uma merda.
Mas a minha relação de amor com a cidade é porque acho São Paulo muito legal, é uma cidade em que, em determinados bairros como o centro, centro expandido, várias culturas se conversam de um jeito que não acontece em nenhum outro lugar. O bairro Pari, por exemplo, tem uma puta imigração síria-libanesa, uma boliviana muito recente, uma coreana dos anos 80, tem mesquitas, mulheres de burca nas ruas, tem uns portugueses, tudo ao mesmo tempo. E não é como se eles estivessem interagindo entre si porque seria uma mentira dizer isso, mas tudo está acontecendo ali, todo mundo coexistindo e eu acho isso muito foda. Além do mais, a cidade é muito linda, o centro velho, o centro novo, são maravilhosos. Então eu moldei a minha vida para ser incrível: eu e minha esposa moramos em um prédio bem pequeno sem portaria nem nada, não tenho carro e só ando de bike, trabalho no centro então eu saio pra comer em todos os lugares que eu conheço por aqui, é muito agradável. A cidade me deu muita coisa – meu trabalho, minha paixão por desenhar. O que desenho é muito de observação da cidade, além de ter conhecido muita gente por causa da bike, nos vários roles à noite; fiz muito amigo na rua.

Quais lugares da cidade você levaria alguém pra dar um rolê?
fabrizioTem um lugar que eu amo de paixão que é um boteco na Liberdade chamado Kintaro – pra mim esse lugar é a cara de São Paulo. É de uma família de imigrantes que prosperou vendendo comida, um boteco que é a cara da cidade, tem desde esfihas a ovos coloridos, ou de caipirinha a saquês. Gosto muito da Liberdade, pra mim, lá é um bairro muito fotogênico. Levaria no Ita, que eu adoro também, é uma família de portugueses que abriu um bar que vende bacalhau nas sextas-feiras, mas vende comida brasileira também. Tem uma coisa dos imigrantes se adaptarem à cultura local e acho incrível como aqui acontece de um jeito muito orgânico e natural.
Tem um rolê que eu adoro fazer aqui que eu chamo de “rolê turístico”. Se viesse um gringo, eu colocaria ele dentro de um carro ou pegaríamos uma bike e faria esse rolê: sair da Paulista com a Consolação, cruzar a Paulista inteira, descer a Liberdade e entrar alí atrás da Praça da Sé, passar no Pátio do Colégio, até o Largo São Bento e aí pegar a Líbero Badaró até o Viaduto do Chá, virar à direita, cruzar o viaduto e passar atrás do Teatro Municipal, e pegar a Av. São João. Pra mim, esse é o rolê turístico pela cidade, e tem que fazer isso à noite. Várias vezes, quando eu preciso pensar, eu pego a minha bike e faço isso.

Tem algum pedaço de São Paulo com que você se identifica mais?
Descreva o dia a dia ideal do Fabrizio.
fabrizioUm dia ideal é acordar, pedalar um pouco – voltando um pouco ao assunto, isso pra mim é uma coisa ruim de São Paulo, que tem poucos lugares pra pedalar. É a USP, ciclovia e a estrada, mas é um saco sair de São Paulo pra andar na estrada. E isso eu sinto falta, de ter uma natureza mais próxima pra pedalar. Mas enfim, o ideal é acordar, dar uma pedalada, voltar pra casa, tomar um banho, tomar um café, pegar a bike de novo e parar no meio do caminho para tomar outro café, tipo no KOF ou no Beluga, chegar no trabalho e o ideal mesmo é quando eu só tenho que criar e não tenho que resolver nenhuma bucha. Depois saio daqui, passo no mercado pra comprar alguma coisa pra cozinhar e depois vou pra casa, e continuo desenhando (risos). Tem vários dias que são assim.
Qual é o papel do tênis no seu corre diário?
