Kaique Brasileiro Kaique

Kaique Brasileiro

adidas Deerupt Pride adidas Deerupt Pride
27—07—2018 Fotos por: Pérola Dutra
Kaique Brasileiro
Entrevista Nº 108

Kaique é RP e já teve sua própria coluna de moda no portal da MTV Brasil. Conectando pessoas com marcas, viajando e trabalhando com clientes de diferentes países, Kaique é nas suas palavras “uma pessoa que tem sede de criar e vontade de dar voz para gente que tem potencial para mudar o mundo”. Na entrevista para o Kickstory, ele estava usando o adidas originals Deerupt do Pride Pack, tênis lançado para comemorar o mês do orgulho LGBT e botar em discussão um assunto super importante a ser tratado ainda em 2018.

“Me chamo Kaique Brasileiro – esse é o meu sobrenome mesmo – e tenho 23 anos. Hoje trabalho como Relações Públicas e tenho alguns clientes no Brasil, Estados Unidos e na Europa principalmente em Paris e Espanha. A minha missão é conectar marcas com as pessoas mais legais da cidade, que estejam trabalhando com moda, música, arte e dança. Comecei a trabalhar com 16 anos e já fiz de tudo um pouco – desde jornalismo e assessoria de imprensa até styling e produção de moda. Trabalhar com tudo isso me deu uma bagagem bem legal sobre o mundo da moda, eu cobria muito semana de moda, festivais de música, sempre com foco em streetstyle. Hoje me vejo como uma pessoa que tem sede de criar e vontade de dar voz para gente que tem potencial para mudar o mundo.”

“Ninguém quer mais ficar preso dentro de um local só. A gente mora em uma capital que tem um milhão de coisas acontecendo, enquanto estamos sentados aqui acontece quatro eventos culturais pela cidade, é muito foda você ficar preso dentro do escritório, sua cabeça borbulhando sabendo o que tá rolando no mundo lá fora.”

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Qual sua trajetória? Desde a criação do seu Tumblr até os dias de hoje.

KaiqueA primeira coisa que fiz foi um Tumblr falando sobre músicas alternativas. Eu pegava coisas que quase ninguém conhecia e colocava nesse blog. A MTV me achou, eles me acompanhavam, gostavam do meu estilo e me perguntaram se eu tinha interesse em escrever sobre moda dentro do portal deles – naquela época só tinham blogueiras de moda, não tinha ninguém pra falar de moda masculina. Foi incrível, me abriu várias portas para eu conhecer muita gente legal, dentro e fora da MTV.

Logo depois veio um convite para ser correspondente internacional de um dos maiores portais de moda do Chile, o Viste La Calle, e até hoje eu colaboro com eles. Por incrível que pareça acho que os outros países da América Latina tem muito interesse em saber o que acontece no Brasil, porque querendo ou não, a gente é um polo pra tudo que acontece nas grandes capitais como Nova Iorque, Paris, Seul, Milão e acho que esses países veem a gente como esse centro que exporta as tendências pro mundo. Eles têm muita curiosidade em saber moda do Brasil, o que estamos usando e etc, até porque a moda lá no Chile é muito conceitual. Meu trabalho com o Viste La Calle é levar o que acontece aqui pra lá, com uma linguagem que se aproximasse mais dos leitores do site, que também é uma revista impressa.

Nesses dois primeiros anos conheci muita gente legal, o que me aproximou muito de pessoas que estavam a frente de marcas. O meu trabalho abriu portas aqui no Brasil e lá fora que eu nunca imaginei que iriam abrir. Comecei super pequeno, no meu quarto, na brincadeira e do nada “boom” – e hoje eu vivo inteiramente disso, é muito bom ter a segurança que seu trabalho depende inteiramente de você. Hoje eu não consigo trabalhar dentro de uma empresa, de um escritório e acho que a nossa geração está caminhando pra isso, ninguém quer mais ficar preso dentro de um local só. A gente mora em uma capital que tem um milhão de coisas acontecendo, enquanto estamos sentados aqui acontece quatro eventos culturais pela cidade, é muito foda você ficar preso dentro do escritório, sua cabeça borbulhando sabendo o que tá rolando no mundo lá fora.

De onde surgiu seu interesse por streetwear?

KaiqueMinha mãe e meu pai sempre foram fãs de Rap, Hip Hop e afins. No começo eu não era fã porque acordava às 7h da manhã e estava tocando RZO no volume máximo, até as paredes tremiam (risos). Era assim com Racionais também, eles colecionavam CD, eles eram muito fãs. Eu sempre tive muita proximidade com o mundo da música, minha mãe tinha amigos músicos e através disso comecei a me interessar e pesquisar mais sobre o Rap e Hip Hop. Fui me aprofundando, comecei a ver o que os caras estavam usando – e não é simplesmente na roupa, mas em todo o lifestyle.

Como muita gente sabe, muitas das tendências do que usamos hoje surgiram nos Estados Unidos com os rappers e até hoje eles ditam o que vamos usar. Aqui no Brasil principalmente, temos os meninos da CEIA, que posso dizer que são os maiores influenciadores na cena do Rap, ditando moda e tendências de consumo – quem acompanha eles querem comer onde eles comem, querem ter o que eles têm e querem andar com quem eles andam. Isso é uma coisa que abriu muito minha cabeça porque eu achava que influenciador era simplesmente a pessoa que tinha um blog que falava sobre moda, lifestyle, mas hoje consigo enxergar que não.

Eu dei um talk na Converse para o time de Marketing da América Latina, eles estavam com muita dificuldade de entender a forma de conversar com o cliente final. Mesmo com a marca estando no gosto popular, eles estão sempre lançando coisas novas e muitos lançamentos estavam passando despercebido. Uma das coisas que falei é algo que trago no meu trabalho também: A pergunta que a devemos fazer quando pensamos como marca não é “como” eu vou falar com o meu cliente final, mas sim “quem” eu vou usar pra falar com o meu cliente final, isso é muito mais importante. Você dá a voz para sua marca através de um lifestyle completamente diferente, você sai de dentro do escritório para ir à rua através de uma pessoa para falar com seu cliente final.

Isso cria uma conexão sentimental, no geral a sociedade está muito carente e as pessoas têm a necessidade de se sentirem abraçadas de alguma forma. Quando você pega seu cliente final com alguma conexão emocional, que ele identifica com a história de vida, com algum tipo de dificuldade ou conquista que teve na vida, ele cria uma conexão muito forte com a sua marca, sabe?

“Estamos num momento propício para falar sobre as questões que estão por trás desse Pack. Independente da sua orientação, isso é uma causa de todos nós.”

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Qual sua relação com tênis em geral?

KaiqueIsso veio muito cedo na minha vida através da minha mãe, porque ela sempre amou tênis, ela sempre amou moda de rua. A primeira coisa que ela comprou quando ganhou o primeiro salário foi um Adidas Superstar, que durou anos e anos. Isso me marcou muito porque ela usou ele por muito tempo, ela conservou muito bem. Depois ela passou o tênis para a minha tia, que passou para o meu primo, que usou por bastante tempo também, esse tênis passou por duas gerações! Infelizmente não passou por mim, mas meu primeiro também foi um Superstar, desde aí a minha relação com tênis foi muito próxima.

Quando eu converso com alguém a primeira coisa que olho é o tênis, não é pra julgar nem nada, mas eu acho que o tênis traduz demais a personalidade, você consegue fazer uma leitura só através dele. Eu lido muito com pessoas, meu trabalho é esse.

Qual sua relação específica com esse Adidas Deerupt Pride?

kaiqueEu sempre prezo duas coisas: Tecnologia e conforto. Sou muito fã do NMD porque ele é o tênis mais confortável que eu já coloquei no meu pé, e olha que eu já coloquei muitos. O Deerupt me dá uma sensação de estar calçando o NMD,ao mesmo tempo que ele é um pouco mais justo, bem estruturado e o pé fica certinho na forma.

Mas escolhi o do Pride Pack porque estamos num momento propício para falar sobre as questões que estão por trás desse Pack. Independente da sua orientação, isso é uma causa de todos nós. O preconceito está muito presente ainda, e temos muitos problemas em consequência dessa diferenciação que as pessoas gostam tanto de fazer. Isso afeta a sociedade em geral, seria tão ótimo se todos pudessem viver em harmonia independente da escolha da orientação, sabe? Seja feliz da sua forma e deixa o outro ser da forma dele. Eu fico muito feliz de ter essa coleção, entra ano e sai ano e faço questão de ter porque acho que é um momento de muita reflexão.

“Seja feliz da sua forma e deixa o outro ser da forma dele.”

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Às vezes usando essa roupa e tênis, a pessoa bate o olho, vê a bandeira e pode ter uma reflexão que ela não teria se eu não estivesse usando, por onde eu passo eu acabo plantando uma sementinha de reflexão. A gente tem visto muitas notícias ruins, como assédio por conta da Copa, um monte de LGBT sendo morto no mundo, um monte de preconceito, de coisas ridículas acontecendo, e ver pessoas compactuando com esse pensamento pra mim é o fim. Então a minha escolha é pelo mês do orgulho e pelas manifestações que estão acontecendo – quanto mais a gente poder lutar e levantar bandeiras de causas, mesmo que não sejam as que a gente vive, é maravilhoso.

Outra coisa que gostei muito desse Pride Pack foi que a Adidas fez uma parceria com a Casa 1, um centro que acolhe e apoia LGBT em situação de riscos – eles promovem workshops, palestras, um monte de ações para dar um suporte social para eles.

Você tem alguma história com ele?

kaiqueEle é muito novo, tem dias, é um recém-nascido. Mas só o fato de eu poder calçar e sair na rua com ele, mesmo sabendo que o Brasil ainda é um país muito preconceituoso, já é um caminho.

Adidas Deerupt Pride
Dono: @kaique
Comprado: 2018
Fotos por: Pérola Dutra

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