Linhas de Assinatura: Sabrina Ionescu Sabrina Ionescu
Linhas de Assinatura: Sabrina Ionescu
Artes

Linhas de Assinatura: Sabrina Ionescu

O basquete feminino vive um dos seus momentos mais importantes. O jogo universitário e a WNBA atingem recordes de público e audiência, e após quase 20 anos, jogadoras voltam a ter suas próprias linhas de tênis — com modelos assinados por grandes marcas e também por marcas independentes.

15—10—2025

Estamos vivendo um momento especial para o basquete feminino. Tanto o jogo universitário quanto a WNBA vêm ganhando cada vez mais popularidade, chegando até a registrar partidas com mais audiência do que alguns jogos da NBA. Com esse crescimento, chega ao fim um período de quase 20 anos sem que uma jogadora tivesse sua própria linha de tênis consistente. Hoje, temos as principais estrelas com suas próprias linhas de assinatura — algumas já em seu terceiro ou quarto modelo — contratos com as maiores marcas do mercado, e algumas até com modelos próprios com marcas independentes.

Mas isso tudo é muito recente, por anos nós vimos vários jogadores da NBA receberem seus próprios tênis, mesmo sem terem um nome estabelecido na liga, enquanto as jogadoras mesmo quebrando recordes, ganhando múltiplos títulos, não ganhavam mais do que cores exclusivas, se tanto.

No final dos anos 90, com a estreia da WNBA, foi lançado o primeiro tênis assinado por Sheryl Swoopes, a primeira mulher a ter sua própria linha. Outras jogadoras chegaram a lançar um ou dois modelos, mas nenhuma alcançou o mesmo sucesso e longevidade de Swoopes, que chegou a ter sete modelos com a Nike – o Air Swoops.

Em 2010, Candace Parker, lançou dois modelos com a adidas, mas até o final da sua carreira recebeu apenas versões especiais e PEs (Player Exclusives) de outros tênis, assinados com sua marca ACE (ás) que nas suas palavras quer dizer: “não é um rei, não é uma rainha, ‘Ás’ não tem gênero. É sobre a pessoa e o ser humano.”

Diana Taurasi também é exemplo de jogadora de Hall da Fama, que teve apenas seu nome estampado em cores especiais, como foi no Nike Shox DT e o Nike Air Taurasi.

 

É importante destacar a diferença entre uma linha de assinatura consistente e versões exclusivas. No primeiro caso, há um trabalho aprofundado com a atleta: estudo de suas necessidades, campanhas dedicadas ao produto e evolução do design a cada novo modelo. Já nas versões exclusivas, as marcas oferecem tênis já existentes em cores ou detalhes personalizados, como logos, mas sem criar uma silhueta original para a jogadora.

Foi essa segunda opção que predominou nos últimos 20 anos. Mas agora, vemos jogadoras conquistando suas próprias marcas dentro das grandes empresas e até com marcas independentes, com múltiplos modelos de tênis e até coleções de roupas.

As principais marcas entenderam — mesmo que tarde — o momento. A Puma saiu na frente com a linha de Breanna Stewart, seguida pela Nike com um modelo de Elena Delle Donne, e a linha de Sabrina Ionescu, depois A’ja Wilson e, em breve, Caitlin Clark.

Já a Reebok posicionou Angel Reese como rosto do retorno da marca ao basquete com o lançamento do Engine A, e agora com a chegada da sua própria silhueta, o Angel 1 — esgotado em todas as cores nos EUA. Outras marcas seguem mais discretas, mas apostam em modelos unissex desenvolvidos com feedback de jogadoras, como o Jordan Heir Series e o Exhibit Select 2.0 PRO da adidas, criado por uma equipe formada apenas por mulheres para mulheres.

 

Sabrina Ionescu

Nascida na Califórnia, filha de imigrantes romenos, Sabrina Ionescu se destacou na Universidade de Oregon e foi a primeira escolha do draft da WNBA em 2020 pelo New York Liberty. Apesar de um início marcado por lesões, rapidamente se consolidou como um dos principais nomes da liga.

Na universidade, Sabrina se tornou a primeira jogadora (homem ou mulher) da NCAA a registrar mais de 2.000 pontos, 1.000 rebotes e 1.000 assistências, além de conquistar 26 triplos-duplos em sua carreira universitária. Seu impacto ajudou a dar visibilidade inédita ao basquete feminino, lotando arenas e até dobrando o público dos jogos masculinos da universidade.

Além de sua visão de jogo e liderança, Sabrina é conhecida pelo arremesso de três pontos. Em cinco temporadas na WNBA pelo Liberty, já bateu o recorde de bolas de três convertidas, tornou-se a primeira jogadora a ultrapassar 500 pontos, 200 rebotes e 200 assistências em uma única temporada e foi peça-chave na conquista do primeiro título do Liberty em 2024. No mesmo ano, também ganhou a medalha de ouro com a seleção americana nas Olimpíadas de Paris.

 

Os tênis

Durante a universidade e nos primeiros anos de WNBA, Sabrina usava os tênis de Kobe Bryant e também foi a cara da linha GT Cut  — não só pelos aspectos técnicos e desempenho (modelos baixos, ágeis e estáveis), mas também por carregar o mesmo espírito competitivo e comprometimento com o basquete que Kobe, que tinha como amigo e mentor. Com a relação próxima à família Bryant, e a Universidade de Oregon (mesma escola de Phil Knight, fundador da Nike) sua escolha pela Nike foi natural, mesmo diante dos esforços de Stephen Curry para levá-la à Under Armour.

O diferencial da linha Sabrina está na consistência: mesmo com ajustes de um modelo para outro, você pode esperar as mesmas características nos tênis, o que fideliza os fãs e cria expectativa para as novidades. Hoje, seus tênis são usados tanto na WNBA quanto na NBA, e foi o segundo modelo mais utilizado da última temporada da liga masculina.

 

Nike Sabrina 1O lançamento do Sabrina 1 marcou o fim de uma longa espera: foi a primeira linha, não um único modelo, da Nike assinada por uma jogadora em anos. A proposta de Sabrina era clara: criar um modelo acessível a todos, sem restrições de gênero, tamanho ou posição de jogo. A Nike divulgou que se tratava da primeira coleção unissex de assinatura de um atleta.

Desenhado pelo designer Ben Nethongkome – responsável por modelos de Kyrie Irving, Kevin Durant, Ja Morant, Devin Booker e outros – o Sabrina 1 é a definição de um um tênis “simples” bem-executado. A entressola em Nike React garante absorção e resposta rápida, enquanto a bolsa de Zoom Air no antepé aumenta o retorno de energia, ideal para jogadores rápidos que estão sempre em movimento na ponta do pé. O design traz elementos da linha Kobe Bryant, como a base dianteira mais larga, solado lateral expandido, estabilidade e lockdown com a liberdade de movimento com o cano baixo.

Sabrina participou ativamente da criação com o time de design, trazendo referências de suas origens romenas nos bordados e texturas do cabedal, estética que virou uma característica presente nos seus outros modelos. Além do uso da letra “i” em detalhes da sola, calcanhar e parte superior.

 

Nike Sabrina 2A segunda edição melhorou pequenos detalhes. O tênis ficou mais leve e um pouco mais largo. O React foi substituído por dupla densidade de Cushlon 3.0 — espuma com mais borracha, mais macia e estável. O Zoom Air no antepé foi mantido, enquanto o cabedal em mesh de nylon trouxe maior respirabilidade e possibilidades de texturas e bordados.

Mesmo flexível, o Sabrina 2 ganhou uma pequena placa de estabilidade e cabos laterais que mantêm o pé firme. O design lembra o Kobe 5, mas as colorways ganharam protagonismo, contando histórias pessoais de Sabrina: a versão “Slurpee” em homenagem ao seu irmão, nas cores vibrantes das bebidas do 7-Eleven; o verde e amarelo da Universidade de Oregon; e a vermelha com azul-marinho usada nas Olimpíadas de Paris.

 

Nike Sabrina 3O modelo mais recente manteve a proposta de ser baixo, ágil e estável, mas com novas soluções para quem muda de direção com frequência. Os bordados agora aparecem em degradê do mediopé até o antepé e calcanhar, criando uma estética nova podendo brincar mais com o degradê e mistura de cores. Os cabos laterais passam por uma camada dobrada de ripstop, que funciona como um “cortinado” entre os fios.

Na entressola, uma camada externa de Phylon injetado envolve o Cushlon 3.0, garantindo maior estabilidade e durabilidade sem perder maciez. O Sabrina 3 mostra claramente a evolução da linha: embora mantenha referências a modelos de Kobe Bryant (5, 6 e 11), também carrega a identidade dos trabalhos do designer Ben Nethongkome.

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