larissaCom certeza a Supreme (risos). Por causa da contracultura, pela reflexão das minhas vivências da rua, por representar as pessoas e o que estão sentindo, por representar o que elas estão fazendo; e até pela ideia minimalista da marca. Além de que, tudo o que eles fazem, vende! Eles fazem umas coisas muito nada a ver porque querem sair dessa linha de ser só uma marca de roupa. Então eles ficam lá se divertindo, criando coisas como um machado, uma máquina de pinball ou até quando estamparam a capa do New York Post – esse foi muito foda.
Se você for ver, a Supreme é uma marca pequena, ela não é uma marca global e de um mercado muito específico. Ela tem um espaço físico pequeno, mas que atrai todas as grandes marcas por causa do seu manifesto, por causa da galera que usa desde o início. Os skatistas que levaram a marca para as ruas, sem marketing, sem campanha, sem nada. A Supreme era uma loja que a galera do skate se encontrava, e era isso. O filme Kids, dirigido pelo Larry Clark, retrata bem isso, é bem podrão, subcultura mesmo. Ele falou que observava muito o movimento na frente da loja e começou a ver a galera do skate ali, todo mundo unido, trocando ideia, e quis fazer algo com isso. O filme foi um manifesto de cultura, do underground, do street mesmo, com atores que não eram atores de verdade, mas sim a galera que frequentava a loja mesmo e a Supreme estava lá indiretamente, com umas blusas pros caras/atores usarem.
Assim como por exemplo a collab da Supreme com a Nan Goldin, uma fotógrafa que eu sou apaixonada pelo fato dela retratar a realidade nua e crua, tirando foto da galera usando drogas, coisas bem pesadas, mas que são parte da realidade. A camiseta que eu comprei é da foto com duas travestis num táxi, uma foto muito icônica. Quando saiu a coleção, a galera ficou reclamando que tinham travestis numa camiseta da marca – eu fiquei pensando “a galera realmente não sabe o que é Supreme então”.
Outra coisa que me faz relacionar muito com a marca, é a valorização da cultura local – a grande maioria das collabs são com artistas de Nova York, que eram pequenos e foram pra loja e explodiram. Valorizar o local, valorizar o próximo é importante porque assim todo mundo cresce junto. E foi o que aconteceu, um crescimento gradativo, mas natural, a marca é hoje o que ela é porque ela fez o que deveria fazer. Não foi marketing, não foi apostar no dinheiro, a loja foi aberta com doze mil dólares e ninguém comprava, e hoje, todo mundo fica na fila, a Supreme gerou um super desejo para as coisas deles. A exclusividade não foi nem algo pensado, eles simplesmente não tinham estoque e no final, essa exclusividade, virou uma marca registrada deles.
No final, eu vi essa marca que representa tanto pra mim, se tornar banalizada aqui no Brasil, ela virou status e Supreme não é isso. Eu não compro para mostrar pra todo mundo que eu tenho. Por isso que eu falo que a galera perde o mais foda que as marcas oferecem, por uma banalização, pelo hype – palavra que eu odeio, aliás. O hype virou adjetivo, subjetivo, e não é nada disso (risos), é um termo propaganda como já dizia o Public Enemy “don’t believe the hype” (risos).