Rider + Pedro Andrade Rider FrogR P_A
Rider + Pedro Andrade
Histórias

Rider + Pedro Andrade

Fomos até o estúdio e ateliê do Pedro Andrade para falar sobre a sua nova criação com a Rider: o FrogR P_A.

23—03—2023

Pedro Andrade iniciou sua carreira em 2012 com a criação da marca PIET. A marca, que começou com um viés de streetwear, transformou-se ao longo do tempo em uma marca que falava sobre suas memórias afetivas. Com outras vontades como designer e criador, Pedro percebeu que nem todas as suas ideias cabiam dentro da atmosfera da PIET e decidiu criar a P_Andrade, uma marca que fala sobre o Pedro atual, com um discurso de moda, design, inovação, sustentabilidade e tecnologia. Em nossa entrevista, Pedro fala sobre a Rider, sua primeira colaboração em 2017, e como a marca se transformou em uma das mais cool de chinelos e sandálias.

 

Fotos por: Julio Nery

“Meu nome é Pedro Andrade. Eu sou designer, estilista e desenhista de uma forma geral. Minha carreira na moda começou em 2012 com a PIET, que nasceu de um projeto fictício da faculdade de uma marca de calçados. O nome PIET vem de um apelido meu de infância, que é como minha mãe me chama, e aí decidi usá-lo para a marca.”

Qual foi o percurso que levou a PIET a se consolidar como uma marca reconhecida no mercado nacional e internacional?

pedro A marca surgiu com um viés de streetwear de algo que eu sempre tive vivência – seja no skate, no basquete, eu pegava referências de músicas e ia tornando a marca com a cara cada vez mais do Pedro. Um Pedro que tinha vinte e poucos anos, e com gostos específicos dessa idade. Eu percebi que com o passar do tempo, fui transformando a PIET em uma marca que falava sobre as minhas memórias afetivas – sobre streetwear e de momentos diferentes da vida do Pedro, com um certo senso de humor da adolescência e de um jovem adulto.

Nesse meio tempo, fui criando outras vontades como ser humano, como designer, como criador, e percebi que em determinado momento, nem todas as minhas ideias como designer cabiam dentro da atmosfera da PIET, do que eu criei dentro desse lifestyle da marca. E aí em 2019 senti que a minha cabeça tava um pouco bagunçada porque eu tentava colocar tudo que eu queria criar dentro da PIET, e nem sempre cabia. Às vezes eu queria fazer alguma coisa com um conceito mais forte, com um tema mais delicado de se falar, com uma complexidade de produto, ou testar uma coisa têxtil diferente, uma tecnologia que não fazia sentido, e as coisas não se encaixavam.

Percebi que eu tava querendo colocar outra marca dentro da PIET e ainda manter ela. E aí entendi que a melhor alternativa seria ou eu largar e transformar ela em outra marca, ou ter duas marcas. Depois de um longo processo de amadurecimento eu decidi que eu teria duas marcas, porque a PIET fala do meu eu do passado, onde posso revisitar a minha juventude, independente da minha idade, se eu tiver 30 ou 70 anos, a PIET… eu “congelei” o Pedro jovem. Assim como meu apelido de infância, ela ficou nessa história e eu acho isso muito interessante porque ela consegue acessar as pessoas através de memórias afetivas.

E qual é a história por trás da P_Andrade? Qual foi a inspiração para criá-la?

pedro A P_Andrade foi onde eu descobri que eu poderia ter um laboratório de inovação. Quando a P_A surgiu na minha cabeça, foi com a ideia de ser algo que ressignificaria o luxo. O luxo, eu comecei a ver ele de uma forma quase defasada. Eu pensava: “todo mundo começou agora de fato a consumir luxo. Os millenials que eram contra o luxo, agora estão voltando a gostar do luxo. Geração Z começa a misturar o streetwear com o luxo de uma forma nunca vista antes.” E aí comecei a pensar que eu posso usar a moda para ressignificar isso e levar um discurso de que tá tudo bem você gostar de luxo.

Mas o que que é luxo pra você? Esse questionamento fez com que eu criasse a P_Andrade – uma marca homônima, que fala sobre o Pedro atual, o Pedro que já passou dos 30, que olha pra outro lugar, que vê uma preocupação para as futuras gerações, meus futuros filhos, pro meu filho de agora. Essa marca tem que ter pilares muito rígidos pra levar um discurso através de moda, design, inovação, ciência, sustentabilidade e tecnologia. Quando eu falo de sustentabilidade na P_Andrade, é mais complexa do que normalmente a gente vê. A gente começou a entender diferentes camadas da sustentabilidade, e como podemos usar a moda a nosso favor.

Como se deu o início da sua relação com a Rider, que resultou na sua primeira colaboração em 2017?

pedro A minha história com a Rider começa quando ela tá partindo pra um rebranding muito forte. E eu sempre falei isso abertamente – eu acho que o rebranding da Rider é um case global de sucesso. O quão difícil é você sair de uma marca que é vista como mais antiga por um público mais antigo, e se transformar de repente na marca mais cool de chinelos e sandálias. Isso é muito difícil.

Lembro que em 2017 um amigo me perguntou se eu tinha vontade de fazer a colaboração. Eu pensei “pô, Rider é nostálgico. Eu falo sobre nostalgia, sobre memória afetiva”. Vi que tinha tudo a ver e topei. A gente começou em 2017 com a Rider RX e a partir dali sentimos uma sinergia muito grande na criação de produto, e foi legal porque eles me deram muita liberdade.

Um ano depois recebo uma ligação deles, falando “Pedro, a gente vai criar uma sandália que se chama R Next. Estamos imaginando o que seria uma sandália do futuro. Então Pedro, o que é uma sandália do futuro, pra você? Você vai criar uma versão dessa sandália falando dentro do teu lifestyle.” Na época, acho que isso foi um dos meus maiores cases de produto com a R Next Pocket. No processo de desenvolvimento, eu falei pra eles que ia criar algo estranho – porque a minha ideia de futuro é uma ideia modular. Vai ter bolso impermeável que você tira, põe, encaixa em outras coisas, unindo versatilidade com segurança.

Lançamos a sandália dentro de um desfile meu na São Paulo Fashion Week, e aí a gente recebeu uma enxurrada dos comentários mais engraçados e absurdos possíveis sobre uma sandália que tinha um bolso gigante na frente. E aí vimos que foi exatamente nesse ponto que a gente acertou. Lançamos ela no site e esgotou tudo em 10 minutos. Ela tinha uma tiragem bem alta em relação às outras, com uns 1.000 pares. Acho que a gente acertou na medida da estranheza (risos). 

A Rider é uma escola antiga, mas que foi se renovando, criando coisas com tecnologia, com senso de humor, com comunicação muito jovem. E quando eles me encontraram eu vinha de uma nova geração – essa união foi muito propícia pra nascer novos produtos interessantes e eles me deram essa liberdade.

Depois da R Next Pocket me perguntaram: “qual é o próximo passo?”. Foi na mesma época que a P_Andrade tava surgindo, e aí junto com a Paula, que também assumiu a direção criativa, criamos a primeira sandália pra P_A. Meu pensamento foi “se a PIET tem história de modularidade, estranheza, o que essa vai fazer?” Ela vai falar sobre o Brasil, contar histórias do nosso país que não eram óbvias. Eu tava falando sobre vegetação brasileira e arquitetura moderna. Nessa coleção eu tinha uma cartela de cores muito específica vindo de tons de cinza, que falava sobre concreto armado, as construções brasileiras, modernismo arquitetônico. E aí elas iam pra vegetação, e a partir da corda de cipó criamos essa sandália. Essa foi a primeira versão que a gente fez sustentável. A gente fez uma pesquisa junto com a equipe de sustentabilidade da Rider que achou alternativas de fibras recicladas, matéria-prima do solado reciclado pré e pós-consumo, com uma pegada de carbono baixíssima.

Durante sua carreira, você colaborou em diversos projetos de tênis. Agora, na Rider, você enfrenta o desafio de desenvolver designs para chinelos, papetes e outros tipos de calçados. Como você encarou esse desafio?

pedro Quando eu comecei em 2017 a criar com a Rider, confesso que foi um desafio porque eu achava legal a história de sandálias, mas o sneakerhead daquela época dificilmente tinha abertura para outros tipos de calçados, ainda era muito nichado. Era um desafio de como meu público, que normalmente é muito sneakerhead ou do universo do streetwear, como ele vai gostar dessa sandália que vou criar? Esse foi o desafio.

O bolso na Rider R Next me inspirou a criar várias camadas, adicionando uma dimensão de robustez semelhante a um tênis, o que permitiu uma brincadeira interessante com texturas, gráficos diferentes, sobreposições, com meia, sem meia, fazia com que aquilo se tornasse um novo nicho de calçados. Se a pessoa tá com meia e você olha de longe, você não sabe se é uma sandália, um tênis, ou o que que é isso.

Ao longo desses anos, eu como designer também fui evoluindo e me libertando mais pra criar. E eu sempre fui muito adepto do novo. Se eu torcer o nariz antes de analisar o novo e absorver aquela ideia como ela deve ser absorvida, eu não vou conseguir aprender, eu não vou conseguir evoluir.

Qual foi a inspiração por trás do design da Rider FrogR P_A e como você incorporou a anatomia e as texturas dos sapos no design?

pedro O conceito desse calçado partiu do meu estudo sobre os sapos da classe anura, os sapinhos venenosos. Durante o meu estudo sobre a fauna amazônica, eu descobri os sapos-ponta-de-flecha e fiquei obcecado. Então decidi fazer uma coleção que vai falar sobre os diferentes tipos de sapos, criando peças que através da textura, das formas, cores, conta essa história.

Quando criei essa sandália, eu estudei muito a anatomia deles, e queria trazer para o design elementos sutis. Eu também queria, na forma de bom humor, trazer aquela aflição que as pessoas têm do sapo, de ele ser pegajoso – que não é, né, mas as pessoas acham – então tem essa brincadeira de parecer uma gosma em cima. Além disso, fomos criando uma nuance de texturas de pele de sapo no ‘upper’ da sandália. Dentro dela também, temos essas bolhas que complementam essa história da textura dos sapos e que também dá muito conforto extra.

Outro detalhe é que a sola tem exatamente o formato de uma pata de sapo, então quando você pisa em uma areia, terra ou em algum lugar molhado, você vai deixar uma pegada de sapo gigante. Ao mesmo tempo, eu quis trazer uma placa traseira que falasse sobre tecnologia e esporte, então me inspirei em linhas de um sapo, mas com uma textura e uma cara de um calçado esportivo. Então a ideia desse calçado era trazer uma estranheza num nível acima – ele tinha que ser tão estranho quanto um sapo. O sapo é um bicho muito lindo e totalmente estranho ao mesmo tempo, nem parece que ele é desse planeta. Esse foi o meu fascínio pra criar essa coleção e, consequentemente, pra criar esse calçado.

Qual é a origem dos materiais utilizados na fabricação desse calçado?

pedro Esse calçado foi feito a partir de um polímero verde, à base de planta. Grande parte desses calçados a gente tirou a maior parte do plástico dele, derivados de petróleo, e substituiu por um polímero à base de planta. Consequentemente, deixamos ele com uma pegada de carbono muito menor. As partes que não são de polímero à base de planta são de materiais de origem reciclada, oriundo de materiais da própria fábrica da Grendene, então é um calçado onde a gente conseguiu elevar ainda mais o nosso nível de sustentabilidade. Foi extremamente gratificante conseguir produzir um calçado injetado que representa um passo à frente na redução do uso de petróleo.

Você pode comprar a colaboração em várias lojas em São Paulo e no site da rider.

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