Para essa próxima entrevista, falamos com o pessoal do estúdio Polar, composto por cinco sócios que unem suas paixões e talentos para criar trabalhos inspiradores e relevantes, explorando a essência de cada cliente. Na nossa entrevista, mergulhamos nas histórias, influências e visões do Ralph, Bruno, Lais, Ronaldo e Matheus, os fundadores e mentes criativas por trás do Polar.
Cada membro compartilhou suas histórias e vínculos pessoais com seu tênis, e como eles refletem suas identidades, estilo e abordagem ao design e à vida cotidiana.
Essa entrevista aconteceu como o fechamento de um ciclo, que começou em 2020 quando contratamos a Polar para criar o novo logo e identidade visual do Kickstory. Só que dessa vez, eles puderam vivenciar como é participar da nossa entrevista e compartilhar um pouco da história de cada um.
Ralph Primeiro queria agradecer por a gente estar falando aqui. Pra gente, fecha um ciclo importante – ter entrado em contato com o projeto, com vocês, com conteúdo e agora ser o conteúdo. Isso é muito simbólico pra gente.
Me chamo Ralph e sou sócio no Polar. Sou formado em Design e trabalho com isso desde que me formei. Adoro jogar videogame, tenho um cachorro que se chama Filó e sou casado.
Bruno Meu nome é Bruno, sou formado em Design também. Sou mineiro mas moro em São Paulo faz uns 14 anos. Comecei trabalhando em estúdios de design, mas como empreendedor foi com o estúdio Grade junto com o Ralph, que depois veio a ser o Polar. E hoje eu também tenho a P.A.C. padaria. Fico me dividindo entre as duas coisas. No meu tempo de descanso, eu gosto de descansar mesmo, não fazer nada, cozinhar e assistir televisão.
Matheus Eu sou o Matheus, também um dos sócios do Polar. Sou de São Paulo, mas morei minha infância inteira no interior de São Paulo e voltei pra cá pra fazer faculdade há 11 anos. Sou formado em Publicidade e Design Gráfico. Sou muito fissurado por cinema, música e moda, então tô sempre olhando para essas referências. E sou cat person, moro com meu namorado. Sou da calistenia, amador ainda. Adoro esportes no geral, mas principalmente esportes individuais que desafiam a superação pessoal. E também sou viciado em drag queens.
Lais Eu sou a Lais, também sou sócia aqui do estúdio. Desde muito novinha eu me interessava por coisas visuais, como pintura, vídeos, artes em geral. Aqui no estúdio a nossa mascote, a Bigorna, nossa cachorra. Ela tá sempre aqui. Eu e o Ronaldo somos um casal, e ela não desgruda da gente. Ela é uma parte gigantesca da nossa vida.
Sou do interior do estado e vai fazer dez anos que eu moro em São Paulo. Era um sonho pra mim morar aqui, essa coisa de cidade grande sempre me encantou. Só que hoje, toda oportunidade que eu tenho, eu prefiro não estar na cidade, não estar entre prédios. Eu sou mais da natureza. Uma curiosidade que talvez seja pertinente, é que tem dois tipos de objetos que é muito difícil de me agradar visualmente: carros e tênis. Eu tenho um gosto muito específico para tênis, e tão específico que hoje eu tô com o Cortez, é a silhueta que eu mais gosto.
Ronaldo Eu sou o Ronaldo, sou sócio aqui no Polar também. Como Lais já falou, a gente é um casal e também já tivemos um estúdio antes do Polar, o estúdio Arco. Também sou formado em Design. Nasci em São Paulo e vivi aqui minha vida inteira, nunca morei em nenhuma outra cidade.
Eu sou uma pessoa que gosta de colecionar hobbies porque eu entro de cabeça em um, e aí depois o abandono e vou pra outro, vou pulando. Meus hobbies atuais são tentar fazer drinks em casa e tô numa nova empreitada agora de abrir uma marca, a Cromo, focada no universo do motociclismo. Não tenho muitos objetivos em mente mas é uma vontade que sempre rolou e agora tô colocando pra fora.
Então cada um já tinha o seu próprio negócio rolando – com os estúdios Arco e Grade. Como foi a trajetória de vocês, porque decidiram migrar os dois estúdios e criar o Polar?
Ralph Falar do começo do Polar é voltar bastante na nossa vida individual. A gente se cruzou por motivos diferentes, em lugares diferentes, em tempos diferentes, até o Polar acontecer.
Por um lado da história, eu conheci o Bruno na faculdade, a gente trabalhou juntos por um breve período de tempo no estúdio de vídeo da ESPM. A gente sempre manteve contato, esteve perto um do outro, e aí em determinado momento, o Bruno mandou uma mensagem “vai abrir a licitação do projeto da Revista do Esporte Clube Pinheiros e eu queria muito tentar pegar. O que acha? Vai ter que virar um negócio porque a gente precisa abrir um CNPJ”. Eu tava trabalhando na Futurebrand na época (onde eu conheci a Lais e o Matheus), mas achei que fazia sentido e topei – assim nasceu o estúdio Grade.
Em 2017 a gente ganhou a licitação e esse foi o primeiro trabalho do Grade e o único por um tempo até a gente se estabelecer. Ficamos trabalhando no projeto da revista, todo mês a gente fazia a publicação dela e de uma agenda de programação. O Bruno já era freelancer mas eu saí da Future para ficar só no Grade.
Lais Voltando no tempo, eu, o Matheus e o Ronaldo, a gente se conheceu na faculdade, nós três estudamos juntos e mesmo depois de formados a gente continuou a convivência, e na vida profissional também. Primeiro eu e o Ma estagiamos na Futurebrand, e aí eventualmente o Ronaldo foi pra lá também.
Então teve um momento que estávamos nós quatro trabalhando lá ao mesmo tempo – eu, Matheus, Ronaldo e Ralph. Começou a crescer uma afinidade de interesses, o modo como a gente trabalhava e tal. Fomos saindo de lá aos poucos, o Ma foi trabalhar em um estúdio na Galeria Metrópole, enquanto eu fui para outro na Galeria Califórnia, ambos no Centro de São Paulo. Como era perto, a gente tava sempre almoçando juntos.
Ralph Nessa época eu e o Bruno estávamos procurando um lugar para trabalhar, e aí o Matheus sugeriu de dividirmos a mesa com ele lá no espaço da Platô, que ficava na galeria metrópole. Eventualmente convidamos o Ma para fazer parte do estúdio Grade, o nosso estúdio, e um tempo depois, a Lais e o Ronaldo se juntaram para criar o estúdio Arco. Eles também vieram trabalhar no espaço do Platô.
Lais Então no coworking da Platô, uma mesa era estúdio Arco (Lais e Ronaldo) e a mesa de trás estúdio Grade (Ralph, Bruno e Matheus). A gente literalmente sentava lado a lado, e com o tempo começamos a trabalhar juntos. Vimos que a gente tinha jeitos muito parecidos de trabalhar, um alinhamento de vontades, metas e gostos. Ali a gente sentiu que trabalhar juntos era mais interessante, mais legal, do que trabalhar separados.
Ralph Foram grandes meses de paquera até a gente assumir o relacionamento (risos). Oficializamos tudo no começo de 2020, um mês antes de entrar a pandemia. Saímos da Galeria Metrópole, fomos pra uma sala alugada, compramos móveis, microondas, geladeira, mesa, cadeira, tudo pra todo mundo trabalhar junto. Trabalhamos um mês lá como Polar, mas aí a pandemia bateu e fomos todos pra casa.
Lais Quando as coisas começaram a melhorar, mais ou menos em maio de 2021, a gente mudou pra esse estúdio.
Incluindo vocês, quantas pessoas fazem parte da equipe?
Ralph Hoje somos em 12*. Como resultado da pandemia, expandimos nossa equipe não apenas para ter presença aqui em São Paulo, mas também para incluir pessoas trabalhando de qualquer lugar do mundo. Hoje temos uma equipe que está espalhada pelo Brasil – temos uma pessoa no Rio, uma em Goiânia, Porto Alegre e Itaitinga. A equipe é muito multidisciplinar, o time tem pessoas com expertises diferentes, mas no final do dia todos são designers e conseguem executar projetos de design.
Temos uma ilustradora, uma pessoa muito boa de 3D, uma especialista em tipografia, então a gente conseguiu expandir não só do ponto de vista cultural, trazendo pessoas de diversos lugares do Brasil, mas também tecnicamente, isso foi algo que acabou vindo junto.
Como funciona a dinâmica e divisão de trabalho entre vocês?
Bruno Projeto todo mundo toca, nós sócios somos diretores criativos. Mas cada um tem uma função mais definida – eu toco a parte administrativa e financeira, e quando tem projetos de editorial. O Ralph toca mais na parte digital; a Lais fica com identidade visual; o Ronaldo com identidade visual e motion design; e o Matheus cuida do nosso comercial.
Lais E não foi sempre assim. Antes era um “salve-se quem puder”, todo mundo fazia tudo. Dava certo também, mas de um jeito mais caótico (risos). A gente foi aprendendo o que funcionava melhor com o tempo. Hoje somos bem mais organizados em dividir projetos, e calcular quanto tempo precisamos para cada projeto, temos uma organização bem mais certinha e saudável com relação a tempo.
Que tipo de impacto vocês esperam que as pessoas consigam tirar do trabalho que fazem? Isso pode ser para clientes, consumidores dos produtos ou até mesmo designers que se inspiram no trabalho de vocês.
Ralph Temos trabalhado um mote: a gente quer fazer projetos que as pessoas se identifiquem – e que a gente se identifique também. Isso parte de uma vontade muito verdadeira do Polar. Quando as pessoas notam que o resultado visual dialoga com elas de alguma forma, que se destaca do comum, isso acaba fazendo com que elas se identifiquem mais, assim como para o cliente ou para o público envolvido.
Lais Nada é feito no automático, tudo a gente olha com atenção, a gente se dedica muito ali. No final do projeto dá para ver esse cuidado.
Além de todos os projetos, vocês tiram tempo para criar uma linha de produtos Polar, e um dos itens é o famoso calendário. Como surgiu essa ideia?
Ralph Nosso primeiro calendário foi o de 2018. Ele surgiu no estúdio Grade como um projeto, porque a gente queria presentear algumas pessoas no começo do ano. Foi uma experiência muito legal ver as pessoas entrando em contato com um item que não era uma entrega para um cliente. É um projeto que é 100% o que a gente gostaria de executar e presentear as pessoas com isso.
O primeiro calendário a gente fez 50 unidades e aí acabou. Em 2019 a gente fez umas 400 unidades, e foi a primeira vez que a gente virou a chave, de falar “beleza, esse é para um número maior de pessoas entrarem em contato com a gente”. Ele deixou de ser um material de lembrança, de presente, e passou a ser um material de prospecção também. A gente ativamente enviou isso pra muita gente e no final tinha vários famosos com o calendário, fez muito sucesso (risos). Quando a gente virou Polar, todo mundo concordou que era uma herança do Grade e que fazia sentido manter e expandir.
No fim, o calendário acaba sendo esse primeiro produto, mas ele também é a fagulha que fez a gente correr atrás de produzir outras coisas. Acho que hoje o calendário, a loja em si, tem uma função da gente conseguir materializar uma outra visão que o estúdio tem, num outro tipo de projeto. No fim, tudo é projeto pra gente – a gente encara como se fossemos o próprio cliente. Tem prazo, cronograma, layout, tem entrega, aprovação, igual a gente faz pra um cliente. E aí acho que isso não só ajuda a vender esse olhar nosso profissionalmente, de pensar a direção de arte da foto, pensar o acabamento do produto, a embalagem, o envio, enfim, uma questão toda de logística, mas também esse é o lugar de conseguir trazer tangibilidade para vontades pessoais.
A gente fez um moletom que foi muito massa, porque foi o primeiro produto que tivemos contato com uma cadeia de produção, que tivemos que entender como todo esse processo funcionava. Depois veio a camiseta do Polar Open, que a gente fez pro encontro da equipe que aconteceu aqui. Fizemos uma versão pra loja, e aí a gente foi entendendo quais são esses lugares de oportunidade para conseguir encaixar um produto que faça sentido esteticamente para o estúdio, mas também estrategicamente pra gente poder contar nossa história. Dela chegar em outras pessoas, outros públicos, porque eu acho que a relação de um projeto visto digitalmente e usado fisicamente, muda muito.
Ronaldo A loja também une uma vontade nossa, de ter alguma coisa tátil, do mundo físico. Talvez um pouco por causa da pandemia, a gente deixou de fazer livro físico, embalagem, porque o mercado não tava pedindo. Então ficamos com essa vontade de fazer coisas físicas e impressas, mexer com material, escolher o tecido, definir as cores da impressão e tudo mais. E a oportunidade de colocar pra fora um trabalho que a gente acredita, que é legal pra gente, também serve como um portfólio, que às vezes a gente não consegue mostrar em outros projetos.
Depois do produto pronto, pensamos na direção de arte também. Como as fotos vão ser tiradas? Como vai ser a campanha de divulgação? Vai ter um teaser? Vai ter lançamento? As fotos do e-commerce, as fotos do que vão pra fora do e-commerce, enfim, pensamos em tudo e colocamos em prática – ao mesmo tempo mostrando que somos capazes de fazer isso também.
Bruno Também é muito legal porque a gente cria um público novo, sem depender de cliente. A gente consegue de certa forma, criar uma comunidade do Polar.
“No fim, o calendário acaba sendo esse primeiro produto, mas ele também é a fagulha que fez a gente correr atrás de produzir outras coisas. Acho que hoje o calendário, a loja em si, tem uma função da gente conseguir materializar uma outra visão que o estúdio tem, num outro tipo de projeto. No fim, tudo é projeto pra gente – a gente encara como se fossemos o próprio cliente. Tem prazo, cronograma, layout, tem entrega, aprovação, igual a gente faz pra um cliente.”
Cada um tem uma relação diferente aqui com o tênis. Começando por você Lais, porque você escolheu o Nike Cortez para o Kickstory?
Lais Eu lembro que desde muito pequena, só de pensar em trabalhar em um escritório com baia me batia um desespero. Usar terno, sapato social, eu não conseguiria. O meu sonho ideal era trabalhar em um lugar legal, iluminado, que eu possa ir de tênis, eu lembro de falar isso. Não que tênis fosse uma coisa que eu tinha muita relação, mas eu sempre preferi usar eles a qualquer outro tipo de calçado. Principalmente depois da pandemia, não teve volta.
Eu sou exigente com tudo, não só com tênis. Mas o tênis em particular é bem difícil de me agradar. O Nike Cortez é o que eu mais uso, eu fico com medo dele sair de linha de novo, e eu não quero gastar o meu, então eu uso uns backups (risos). Mas eu uso o Cortez há muitos anos.
Eu gosto que ele não mudou muito desde que foi lançado. Ele tem aquelas edições especiais, tipo com o Kendrick Lamar, que eu queria muito. Inclusive, esse que eu estou usando é um modelo infantil. Quando fui viajar para os EUA, eu fiquei vendo vários, vários vídeos da galera indo em outlets da Nike, e eu ia parando de frame a frame pra ver se tinha algum Cortez. Eu já tava dormindo no sofá, e o Ronaldo me acordou falando “Lais, olha, nessa tem um Cortez!”, e detalhe que o vídeo tinha sido publicado duas semanas antes. A gente foi nessa Nike do vídeo, que era longe, e eu não achei. Fui em mais três outlets da Nike e finalmente achei dois modelos… só que era do infantil, e aí comprei. Recentemente achei no Enjoei, tô esperando chegar, tá muito difícil encontrar novos.
E você lembra do primeiro Cortez que você teve?
Lais O primeiro Cortez que eu tive foi o que é preto com o logo branco, e a sola branca. Eu usei até a sola ficar destruída, abriu buraco na parte de baixo, na lateral, eu usei muito mesmo. E por isso que agora eu tô preservando um pouco mais os meus.
Como muita gente, a primeira vez que eu vi esse tênis foi no filme Forrest Gump. Eu lembro que minha mãe odiava, ela falava “parece uma chuteira”, e eu gostava meio que por causa disso – ele tem uma cara retrô, mas ao mesmo tempo, é tão contemporâneo. Esse é um objeto que eu acho maravilhoso, é o único tênis que eu quero usar sempre (risos).
“Como muita gente, a primeira vez que eu vi esse tênis foi no filme Forrest Gump. Eu lembro que minha mãe odiava, ela falava “parece uma chuteira”, e eu gostava meio que por causa disso – ele tem uma cara retrô, mas ao mesmo tempo, é tão contemporâneo.”
E você Ronaldo, porque o Vans Old Skool?
Ronaldo Eu sou uma pessoa muito indecisa, foi difícil escolher um par de tênis (risos). Acabei escolhendo um Vans, que é um que eu tenho há um bom tempo, de amigos próximos olharem pra ele e falar “eu não acredito que você ainda está com esse tênis” (risos). Mas ele persiste. E o motivo de eu ter escolhido um tênis da Vans, é porque eu não lembro de não ter pelo menos um tênis da Vans no armário. Sempre que acabava a sola de um, eu pegava outro em uma cor nova, diferente, eu não repeti nenhum. E esse par em específico é o que ficou mais tempo comigo.
Nunca me aventurei muito com tênis muito alto e acho que por isso que eu acabei me identificando mais com o Vans. Apesar de eu não conseguir dar nenhuma manobra, eu sei andar de skate e por isso tenho uma certa afinidade com o universo do skate, e dentro desse universo, o Vans foi o que eu mais me identifiquei.
Uma história engraçada que aconteceu com esse Vans. Ele tem o sidestripe em azul, mas eu queria em preto – então eu fiz uma máscara com fita crepe e pintei o courinho com a caneta sharpie, mas depois ele foi saindo conforme eu fui usando. Até o momento que a gente foi visitar uma cliente em uma fazenda, para um projeto de identidade de uma queijaria. Eu não sabia se era uma fazenda mesmo ou só um lugar para fazer a degustação de queijo, sabe? Quando a gente chegou lá, eu tava com o meu Vans branquinho, e era uma fazenda de verdade. A gente tava do lado das vacas e aí eu meti ele no barro, ele ficou inteiro marrom. Voltei pra casa, dei um bom banho nele e aí começou a despedaçar a palmilha e descolar a sola. Então hoje ele está numa situação bem precária, é até meio perigoso andar com ele na rua porque ele tá totalmente sem aderência. Tô rezando pra a sola não cair enquanto eu tô andando (risos).
E você Matheus, qual a sua história com o Reebok Club C?
Matheus Sempre gostei muito de moda, de me vestir, montar looks, mas o tênis sempre foi minha última prioridade. Como eu nunca tive muitas opções de calçados, eu sempre optei por aqueles mais coringas. Chegou uma época em que meus tênis estavam podres, muito velhos e gastos. E quando ia investir em calçado, eu comprava um coturno, um sapato, uma sandália, ou uma papete, eu não colocava tênis como prioridade. Toda vez meu namorado olhava meu tênis surrado e falava “esse tênis tá ruim, tá feio, não combina com nada que você tem. Você precisa de alguma coisa”.
E aí em 2021, eu acho que ele tava de saco cheio que eu não tinha um tênis decente, e ele me deu esse Reebok Club C. E ele falou “tome esse tênis branco, ele vai ser uma peça coringa, você vai poder usar pra tudo”. E aí foi amor à primeira vista porque quando ganhei, eu percebi o quanto eu estava precisando de um tênis e eu não estava comprando. Desde que ganhei esse tênis, eu praticamente não tirei ele do pé. Esse aqui tem um valor bem sentimental, principalmente porque foi um presente que ele me deu.
Na primeira semana com ele eu fui pra terapia a pé. Tava chovendo, eu tava descendo uma ladeira e aí eu caí. Eu tinha acabado de ganhar o tênis e tinha comprado o Apple Watch na mesma semana – resumo, eu ralei o tênis e trinquei o Apple Watch, no mesmo dia! Eu fiquei puto, mas depois eu assimilei que fazia parte do tênis e hoje em dia eu não ligo. Eu sei que quando esse tênis tiver muito surrado eu vou querer achar outro Club C. Vai ser tipo a Lais com o Cortez dela (risos). Hoje em dia eu tenho mais vontade de comprar tênis e é por causa dele.
“Eu sei que quando esse tênis tiver muito surrado eu vou querer achar outro Club C. Vai ser tipo a Lais com o Cortez dela (risos).”
E você Bruno, qual é a sua história com o adidas Ozelle?
Bruno Antes da entrevista eu fiquei um tempão pensando em como começou a minha relação com tênis. Quando eu era criança, o tênis era a única coisa que a gente podia escolher no uniforme da escola. E aí eu acho que o tênis foi a primeira peça de roupa que eu escolhia, me preocupando com o que todos iam pensar. O primeiro tênis que eu amei e comprei, era um Nike inteiro de neoprene, que você só enfiava o pé, ele não tinha cadarço, e tinha uns spikes em volta dele inteiro. Eu me sentia a criança mais gótica da quarta série (risos). Desde esse tênis eu sempre priorizei praticidade, conforto, não precisar amarrar é perfeito.
Eu sou ruim para cuidar dos meus tênis, então eu sou bem módico na hora de comprar porque sei que um tênis caro no meu pé não vai durar muito. Por isso que eu quase sempre compro tênis em outlet. Eu tenho alguns tênis guardados, muito bem conservados no guarda roupa, porque eu não gosto, então eu uso muito pouco. Alguns eu até gosto muito, mas gosto mais da ideia do tênis em si do que dele no pé.
Eu percebi que precisava comprar um tênis, passei o ano inteiro procurando mas não achava. Aí um dia fui no outlet da adidas na Teodoro e achei o Ozelle. Botei no pé, vi que ele tem uma palmilha meio de camurça, muito confortável! Desde então eu nunca mais tirei do pé. Ele é muito, muito versátil, vai com tudo. Sou meio chato pra gostar do tênis também, mas é mais pelo conforto do que pela estética. Acho que se ele for muito confortável, passo um pano pra ele ser meio feio. Mas se for bonito e não for confortável, pra mim não serve (risos).
“Sou meio chato pra gostar do tênis também, mas é mais pelo conforto do que pela estética. Acho que se ele for muito confortável, passo um pano pra ele ser meio feio. Mas se for bonito e não for confortável, pra mim não serve (risos).”
E Ralph, porque você escolheu o Nike Air Force 1 para seu Kickstory?
Ralph Eu também sou meio chato com tênis igual a Lais. Só que é uma doideira porque eu sou chato porque não gosto de experimentar coisas novas. Depois que eu gosto de um negócio, eu me apego e aí eu vou com aquilo até onde eu puder. Exemplo: achei uma camiseta legal, básica, ótima – então vou comprar 20 dela e vou usar só ela. Ou tipo “essa calça que vestiu bem, pô! Espero que nunca deixem de fazer essa calça na história do planeta pra eu continuar usando”.
Eu não tinha percebido isso até começar a namorar. A minha esposa um dia falou “nunca vi isso, quando a gente começou a namorar você tinha três tênis iguais e só mudava a cor”. E era exatamente isso que eu queria. Ela foi entendendo e agora ela me incentiva essa prática. Esse Air Force em específico ela me deu de Natal, porque o outro tava triste de tão usado.
Tênis tem uma questão muito prática e funcional. O Air Force é muito bom de bater no dia a dia, é resistente, eu ando de moto e o fato dele ser de couro ajuda também. Desde que eu comprei o primeiro Air Force, que faz uns oito anos, eu só uso ele. Além disso, ele me traz paz porque eu consigo comprar ele a qualquer momento, sempre tem reestoque. Apesar da inflação do Air Force, se eu perdesse o tênis hoje, eu sei que amanhã eu consigo comprar um igual e que tá tudo bem.
“Desde que eu comprei o primeiro Air Force, que faz uns oito anos, eu só uso ele. Além disso, ele me traz paz porque eu consigo comprar ele a qualquer momento, sempre tem reestoque. Apesar da inflação do Air Force, se eu perdesse o tênis hoje, eu sei que amanhã eu consigo comprar um igual e que tá tudo bem.”
E qual é a sua colorway preferido de Air Force?
Ralph Então as duas que eu mais tenho usado são o branco e o preto. Inclusive, eu coloquei o solado Shark do Sole Hunter com um AF1 preto, porque a sola já estava abrindo. Eu fiz pra ele render mais um pouco, porque eu não queria comprar outro. Ele ganhou uma sobrevida boa.
Os outros integrantes da equipe Polar também mostraram pra gente seus pares preferidos e as histórias por trás deles. Confere aí:
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Nike Cortez, Nike Air Force 1, Adidas Ozelle, Reebok Club C 85 e Vans Old Skool
Donos: Time Polar – Ralph Mayer, Bruno Ribeiro, Lais Ikoma, Ronaldo Vidal e Matheus Sakita
Ano: 2023
Fotos: Pérola Dutra
*Entre a entrevista e a data desta publicação, o Matheus deixou de fazer parte do Polar. Hoje, ele e seu Reebok Club C 85 estão caminhando pela Holanda.