Visitamos o studio do Atsuo, que é não só conhecido pelos seus montros dragões e criaturas fofinhas, mas também por ser uma pessoa de muito bom astral!
Encantado com a “bagunça” e diversidade daqui, Atsuo deixou sua terra natal de Kyoto para viver como artista no Brasil. Mas a temática e inspirações do seu trabalho são claramente um reflexo da suas origens.
Atsuo teve a oportunidade de fazer a sua propria leitura do Mexico Delegation para uma coleção da Onitsuka Tiger chamada The Art of Mixing, que reuniu 4 artistas de origem japonesa para celebrar a conexão Brasil e Japão, onde cada um pode aplicar a sua arte em uma silhueta, e cria sua interpretação sobre o impacto das duas culturas uma na outra.
“No Japão já é compromisso falando boca a boca. Aqui, é “esqueci” ou tem atrasos. A diferença eu acho que é cultural, é bem diferente na cultura. E aqui a cultura é muito misturada, japonesa, italiana, muitas africanas, coreanas, asiáticas. Isso eu acho legal, é muito interessante a mistura cultural, muito louco. E eu acho que aqui é mais tranquilo. Japão é tudo certo, é legal, mas é muito mais estressante porque não pode errar, não pode atrasar – tipo robôs.”
Qual foi pra você o maior choque para você em sair do Japão e vir para o Brasil?
E como você aprendeu a ilustrar? Foi uma coisa natural ou foi um processo de aprendizado mesmo?
AtsuoEu gosto muito de cinema e filmes, desde criança. Minha mãe também gosta muito e eu fui com ela primeiro. E eu amo um diretor que chama Ray Harryhausen, ele é americano, mas é das antigas, ele fazia stop motion de monstros com pessoas. E desde os meus 5 anos eu pensava: “nossa, muito animal!”. Eu gostei dos monstros e aí eu comecei a ilustrar. E no Japão tem bastante monstros e dá um pouco de medo, fantasmas e tudo, é pesado (risos). Tem fantasmas no Brasil, mas não dá medo, Japão dá mais medo. Aqui os fantasmas são mais tranquilos, mais fofinhos (risos).
É legal que dá pra ver muito sua evolução como artista. Mudou de um estilo pro outro.
Mês passado você fez uma exposição aqui em São Paulo, na galeria Alma de Rua. Conta mais para a gente sobre ela.
“Mas no Japão é interessante. Tem templo com dragões, desenhos grandes e escultura. O significado é diferente. Lá é sucesso, felicidade e proteção também. E aqui no Brasil é perigoso.”
Em que você se inspirou para fazer essa exposição? Existe uma uniformidade em relação às cores e também nos elementos que você usa.
“Cada um recebeu um modelo, e aí o méxico ficou comigo. Para fazer o tênis eu me inspirei nas Bandeiras do Brasil e do Japão – as duas tem círculo, aqui no Brasil significa terra e no Japão, o Sol.”
Agora falando sobre o seu tênis com collab com a Onitsuka. Como que foi esse convite para você participar do projeto?
Antes de você fazer isso, você já gostava ou se interessava por tênis?
AtsuoAh, eu gosto muito. Até de outras marcas, Nike, Adidas. E agora conheço a Öus, eles tem 10 anos de vida, é bem jovem e é muito bom. E tem fábrica daqui. Aí não sei ainda, eu já conversei com Narciso e pessoal da Asics, eu gostaria de colaboração Asics e Öus. É muito complicado. Mas eu gostaria, acho que daria certo.
Onitsuka Tiger Mexico Delegation
Colaboração: 2016
Dono: Atsuo Nakagawa
Foto: Pérola Dutra