Eu não me considero sneakerhead porque eu acho que é um rótulo, não vou comprar um Vans do Metallica sendo que eu gosto de Rap, tem sneakerhead que compra por comprar. Pego os que gosto, o que eu sou, o que eu lutei pra ter. Sneakerhead é aquele que pode ter quatro pares de tênis que significam muito pra eles, ao invés de 200 pares que não significam nada. O pessoal chega e fala “eu quero todos os Jordans”, eles querem ter por ter, você não é aquilo, você nem gosta de basquete, sabe? Hoje sneaker está vulgarizado, é legal pra quem vende, acho ótimo quando o cara entra na loja e compra um Chris Paul sem saber o que é, ele vai pagar 700 reais e eu vou pagar a minha meta.
Tive que trabalhar isso dentro de mim, porque tênis pra mim é um amor, é uma história. Por exemplo, não sou fã de tênis de corrida, pra comprar um desse eu tenho que falar com alguém que entende ou estuda sobre o assunto. O tênis é uma informação, quem não usa nunca vai entender. Já pra gente que gosta de tênis, é uma identidade. O rótulo de sneakerhead te limita, eu sou apenas uma amante de tênis. Hoje em dia é foda falar de tênis porque é muito mais status do que identidade.
Hoje nos grupos de tênis e nos lugares que frequenta, você é o que você está usando, se você não tiver um Jordan 3 White Cement de mil reais, você não é nada. Agora se tiver um Öus que ganhou deles quando visitou a fábrica, eles não te respeitam. Às vezes o meu chefe traz pra mim uns Jordan 4 que ele pegou no outlet por $20, isso não custa nada pra eles, mas pra mim tem um puta significado.”